segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Bleed for This (2016)

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Bleed for This - A Força de um Campeão de Ben Younger é uma longa-metragem norte-americana e a mais recente incursão nas histórias verídicas de pugilistas que atravessaram momentos crucialmente marcantes nas suas vidas.
Vinny Pazienza (Miles Telles) é um campeão de boxe com um futuro promissor. Depois de conquistar o seu mais recente título, Pazienza vê-se envolvido num acidente automóvel que lhe poderá condicionar para sempre a sua locomoção caso não tenha o máximo cuidado com os seus movimentos.
Num acção de não conformismo, Pazienza retoma os seus treinos sem o conhecimento dos seus familiares com o objectivo de uma rápida recuperação que o leve de volta ao ringue de boxe.
Nesta que já é uma longa tradição de filmes do género que teve o seu expoente máximo com a saga Rocky de John G. Avildsen iniciada em 1976 e que se prolongou com títulos como os mais recentes The Wrestler (2008), Creed (2015) ou Southpaw (2015), Bleed for This de Ben Younger não entrega ao espectador nada que seja inovador ao ponto de um considerarmos o mais recente marco cinematográfico do género. Para lá da óbvia história e testemunho de factos verídicos que têm o potencial de emocionar pelo seu dramatismo, Bleed for This concentra-se, no entanto, numa já vista e filmada recuperação física daquele que é um - mais um - dos inúmeros "heróis americanos" que tocaram no fundo e de lá saíram pela sua própria mão.
Dividido em dois momentos significativos com a óbvia "fronteira" dramática, Bleed for This apresenta num primeiro instante a história de "Vinny Pazienza" (Teller) o "fanfarrão" vencedor de torneios que lhe deram destaque e o tornaram numa promessa no boxe e que, concentrado no seu próprio ego, se julga imbatível e impossível de derrubar. Após o violento acidente em que se vê envolvido e que resulta na morte de uma pessoa, Pazienza é então o herói tombado e que não se conforma com os cenários de recuperação que lhe são apresentados decidindo, pela sua própria mão, desafiar as ordens e o próprio impossível e voltar a ser o desportista que em tempos fora.
Estes dois momentos - apenas separados pelo já referido acidente aqui também recriado - apresentam aquilo que o espectador pode considerar como dois pólos de uma dramatização que nunca se chega a cumprir. Se no primeiro instante este não consegue criar grande empatia com a ascensão de um tipo que se julga o melhor do mundo e pelo qual todos os demais têm de esperar pacientemente, no segundo momento a falta de "eu" na história quase apresentada como um documentário ficcionado, transforma este relato como alguém desesperado não pela sua recuperação mas sim com um novo estrelato no qual já não está inserido e o qual apenas se torna "humano" pelos breves - francamente muito breves - momentos em que conhecemos todo o lado familiar deste homem desprovido dessa tal humanidade mas interessado nos flashes e nos holofotes da ribalta, do sucesso e do tal complexo de self made man que a muitos afecta.
Talvez mais próximo de uma realidade norte-americana do que de uma europeia estando a primeira mais concentrada nas histórias de recuperação e afirmação pelo próprio pulso e a segunda concentrada numa anunciada derrota como que de uma inevitabilidade se tratasse, Bleed for This também não consegue vingar pelas transformações físicas a que expõe os seus actores. Desde o já referido Teller ou Aaron Eckhart como "Kevin Rooney" o seu treinador, esta longa-metragem deixa mesmo neste elemento concreto, alguns apontamentos que se destacam pelo seu amadorismo - a calvice de Eckhart como exemplo maior denotando a clara prótese que expõe - deixando em aberto uma certa falta de profissionalismo no resultado final que não percebemos se intencional ou se, na pior das hipóteses, as pessoas que tenta retratar eram assim... tão estranhas...
Sem um grande cuidado a nível técnico exceptuando, eventualmente, a direcção de fotografia de Larkin Seiple, Bleed for This cai nos habituais lugares comuns que expõe a comunidade italo-americana como pessoas pouco formadas mas com um grande sentimentalismo familiar (nem sempre tratado da melhor forma), na vontade inerante de um estrelato ilusório como escape de uma vida de anonimato que tantos afecta e em pequenos e redutores apontamentos banais que já foram filmados, vistos, repetidos e que, desde a primeira vez que viram a luz do dia... não convenceram com grande convicção.
Banal... será o adjectivo mais simpático que poderei aplicar a Bleed for This... uma história que não seduz por maior - nem mesmo nos seus escassos apontamentos cómicos - e cujo título deixa mais a desejar do que aquilo que se confirma após quase duas (duras) horas em que o espectador espera por algo... diferente.
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5 / 10
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