domingo, 14 de agosto de 2016

The Gift (2010)

.
The Gift de Carl Rinsch é uma curta-metragem britânica de ficção do mesmo realizador de 47 Ronin (2013) cuja acção se centra numa Rússia futurista onde um misterioso presente tem de ser entregue com a máxima urgência.
O inevitável acontece quando um homem descobre o verdadeiro conteúdo do presente que tenta entregar e deseja, para lá de todas as suas possibilidades, mantê-lo no seu poder. Numa corrida contra o tempo e num mundo aparentemente autoritário e policiado por todos os cantos, como poderá a ganância resistir numa luta constante pelo poder?
Das luxuosas estações de metro ao esplendor da Praça Vermelha em Moscovo tendo o Kremlin como pano de fundo, The Gift deslumbra pelo seu imponente aspecto visual que nos leva ainda a elegantes interiores de apartamentos palácio que cativa o espectador sedente de todos os pequenos detalhes que lhe são apresentados. (In)consciente desta realidade, o realizador e argumentista Carl Rinsch apresenta um filme curto que é, essencialmente, uma revisitação à premissa da Caixa de Pandora. Incutido de um elevado sentido de responsabilidade em fazer chegar aquele magnífico presente ao seu real - supomos - dono, um homem percorre os mais sumptuosos locais de uma Moscovo futurista onde o controlo parece espreitar por todos os lados. No entanto, revela-se a grande questão... quando todos se deixam fascinar pelo conteúdo daquela caixa... irá ela conferir riquezas inimagináveis ou, por sua vez, trazer a destruição e morte àqueles que a ousam abrir?
As sucessivas mortes e as perseguições alucinantes por uma Moscovo onde todos parecem ser suspeitos, e que fazem a nova (ou velha?!) versão da Caixa de Pandora seguir de mão em mão seduzindo e induzindo todos aqueles que a vislumbram a cometer o crime de a desejarem, revelam ao espectador que o pecado da cobiça se mantém vivo e desperto deixando pelo caminho - com as mortes mais ou menos aparatosas - as vítimas que em vida acharam poder ter mais do que aquilo que lhes competia.
Num mundo que é assumidamente o futuro dos nossos dias, aquilo que se mantém intacto independentemente da época em questão é a cobiça do Homem. O inalterado desejo de que existe algo mais - sempre mais - que se deseja e quer, leva o Homem ao impensável, à ganância, ao desdém, à inveja e ao facto de em breves segundos poder cometer toda uma diferente paleta de crimes ou pecados mortais pois está no direito - apenas o seu - de exigir e querer sempre aquilo que não lhe está destinado.
Com admiráveis sequências de acção e inspirados momentos em que as belezas não naturais de Moscovo são captadas como o perfeito enquadramento de uma história futurista, The Gift é uma mordaz reflexão sobre o mundo dos homens que, independentemente da sua idade ou estrato social, desesperam pela próxima Caixa de Pandora prestes a libertar toda a sua destruição.
.

.
7 / 10
.

Sem comentários:

Enviar um comentário