segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Prix Louis Delluc 2015: os nomeados

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Foram anunciadas as oito longas-metragens candidatas ao Prix Louis Delluc de Melhor Filme Francês bem como os cinco nomeados ao prémio de Melhor Primeira-Obra que serão anunciados no próximo dia 16 de Dezembro por um jurado presidido por Gilles Jacob e composto por críticos de cinema e figuras da Sétima Arte. São candidatos:
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Prémio de Melhor Filme
Comme un Avion, de Bruno Podalydès
Le Dos Rouge, de Antoine Barraud
Fatima, de Philippe Faucon
L'Image Manquante, de Rithy Panh
La Loi du Marché, de Séphane Brizé
Marguerite, de Xavier Giannoli
L'Ombre des Femmes, de Philippe Garrel
Trois Souvenirs de ma Jeunesse, de Arnaud Desplechin
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Prémio de Melhor Primeira-Obra
Bébé Tigre, de Cyprien Vial
Le Gran Jeu, de Nicolas Pariser
Mustang, de Deniz Gamze Ergüven
Ni le Ciel Ni la Terre, de Clément Cogitore
Vincent, de Thomas Salvador
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sábado, 28 de novembro de 2015

Cru (2015)

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Cru de João Camargo - também autor do argumento - é uma longa-metragem independente portuguesa dividida em três distintos e importantes segmentos e que situa o espectador no Portugal deste século XXI com uma crise económica em mãos. Mas... será apenas a crise económica que afecta o país?!
Luísa (Leonor Costa) é mais uma desempregada em Lisboa na altura em que a troika chega à capital. Ao mesmo tempo são identificados vários focos de violência - oportuna e inteligentemente focada como tendo sido o seu início na Grécia naquela que parece um renascer das notícias nacionais de alguns largos meses atrás - que afectam não só o país como diversos outros pela Europa.
À medida que o terror se instala nas ruas e os mortos ganham vida, Luísa tenta escapar enquanto tudo à sua volta parece desmoronar sem escapatória possível.
A longa-metragem de João Camargo está, como referi, dividida em três segmentos sendo o primeiro deles uma curta animação sobre o TTIP - Acordo Transatlântico de Comércio onde todos os produtos alimentares vendidos são transgénicos provocando, por isso, graves problemas de saúde pública nomeadamente, claro, àqueles que os consomem e que insere a possibilidade deste ser a rampa de lançamento da epidemia.
Depois desta breve introdução animada, o espectador é levado a um segundo momento que serve não só de homenagem ao género que Cru pretende retratar - o universo zombie muito concretamente àquele criado por George Romero isto é - como também lança o mote ao próprio estilo cinematográfico ao centrar personagens em planos fechados "enclausurando" o espectador numa dinâmica próxima daquilo a que assiste ou, por exemplo, encerrar os sobreviventes em espaços soturnos de onde parece não existir escapatória possível.
Finalmente o terceiro segmento, e aquele que diz directamente respeito à história em questão, leva o espectador a uma Lisboa - mais concretamente os seus arredores na Margem Sul - ocupada não só pela troika e pelas suas medidas de austeridade que lançam o país numa crise económica devastadora como também àquela ocupada por mortos-vivos que agora ocupam as ruas e os espaços sedentos de carne humana.
Numa analogia interessante aos dias de austeridade e dificuldades económicas que se fazem sentir - como aliás foi notório nos demais filmes que focam esta temática - também Cru recupera a tradição do filme de género ao colocar as ruas das cidades repletas de mortos-vivos. Estes não são necessariamente seres regressados da campa onde haviam sido enterrados ou tão pouco sedentos de uma carne humana para regressar a uma vida que, como sabemos, já não têm. Aqui o "morto-vivo" per si mais não é do que uma representação do Homem - animal de hábitos e vícios - que, tal como é dito a certa altura, face a uma época de incerteza "primeiro deixa de falar, depois de ver e finalmente guia-se pelo que ouve". Incapaz de enfrentar o seu futuro e questionar os dilemas que lhe são colocados, o Homem apenas de deixa guiar - levar - pelos ditos daqueles que "bem falantes" o induzem a um determinado pensamento... A crise vem lá longe, nós não somos um determinado país ou até mesmo a austeridade como um preceito fiável, são alguns dos ditos que se tornaram "costume" a uma determinada altura e que foram propagados mais rapidamente do que um fogo.... Todos os diziam sem os sentir e principalmente sem os pensar criando a dinâmica do "eu" respeitoso e do "outro" que era vilanizado e culpado de um crime que não havia cometido.
É numa casa acompanhada apenas por "André" (Filipe Matos) que "Luísa" vai aos poucos descobrindo o novo mundo em que vive mas, ao contrário do seu companheiro, ela é ainda o rosto crédulo e incapaz de perceber que esse mesmo mundo foi modelado de uma forma que a distância da realidade, preferindo acreditar que se as "notícias" relatam a verdade - desde a necessidade de despedimentos em larga escala até à igualmente necessária privatização das águas - então que motivo teriam para a adulterar ou esconder tal e qual ela o é?! É também durante esta temporada que ficam a conhecer que são proibidas as manifestações ou ajuntamentos públicos sujeitos, ambos, à pena capital e que apoiar aqueles que contestam certas ordens vindas "de cima" são, na prática, actos de incentivo ao terrorismo... Se o espectador mais desatento ainda não conseguiu perceber as semelhanças deste argumento com aquelas que o ligam ao mundo real... então esta será sim a altura perfeita para o fazer.
Mas as boas intenções ficam por aqui. É de louvar a vontade de mostrar como zombies aqueles que não pensam nas notícias - e nas realidades - questionando o que estas sistematicamente propagam dia após dia a todos aqueles que escutam copiosamente os noticiários. Aqueles que desistiram de pensar no mundo que os rodeia e nos problemas que o afectam - sociais, económicos, ecológicos, culturais, etc... - e que na prática vivem concentrados num qualquer reality show e por ele se deixam consumir. Mas chega o momento de questionar se estes elementos se mantêm dentro do género e se pretendem fazê-lo com a devida homenagem ao género de terror e, prezando pela originalidade, retratar todo um género aos olhares e às questões do mundo tal como hoje o vivemos. E a resposta é um claro não...
Ao contrário daquilo que é normalmente apresentado neste género cinematográfico, a crise - aqui económica - não é apenas o mote para o propagar da epidemia zombie mas sim um seu elemento recorrente na medida que todos aqueles milhares infectados mais não são do que os muitos desempregados que vagueiam sem destino, sem propósitos ou objectivos e para lá da homenagem ao género - mais concretamente àquele do final da década de 60 e 70 - Cru teria sido um mais fervoroso membro do mesmo se tem abusado mais nas entranhas e nas tripas e um pouco menos na excessiva banda-sonora que por momentos prejudica a dramatização dos diversos segmentos, neste que é o tipo de filme que não pede descontracção mas sim um pouco mais de tensão. Mas mais importante que estes momentos da referida dramatização, Cru falha por todos os demais elementos técnicos e pouca credibilidade que confere aos mortos que vagueiam pelas ruas. Percebo - e acima de tudo respeito - a ideia e a vontade de criar um filme - longa-metragem - de género e que pudesse portanto respeitar e homenagear a essência deste terror mas, no entanto, aqui falha pelas mais variadas componentes técnicas que graças a uma essencial falta de recursos limitam a construção de uma obra que seja credível e que possa alcançar esse espírito de culto que qualquer obra do género espera e merece.
Cru assume-se portanto como um filme que pretende lançar uma crítica social e política a um Portugal - e aos portugueses - perdido no tempo e sem um sentido nacional e de Estado, através de analogias, comparações e alguns nem sempre claros inuendos sobre a dinâmica e a verve nacional do que concentrar-se propriamente no género de terror que pretende representar. No fundo, deixa o sabor e a intenção que, na prática, não chega a cumprir (terá algum de nós medo da história enquanto "clássico" de zombies ou mais pela trágica realidade de Portugal enquanto país?).
No final resta ao espectador uma única ideia... Aquela da resistência social! Conseguirá alguém escapar a esta epidemia propagada mas não por zombies? Conseguirá alguém resistir contra todas - e tantas - adversidades económicas e sociais? E aqueles que escapam... conseguirão eles recuperar alguma da sua já ida liberdade?
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3 / 10
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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Cahiers du Cinéma - Top de 2015

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A prestigiada Cahiers du Cinéma revelou a sua lista dos melhores filmes do corrente ano estando, entre os quais, a mais recente obra de Nanni Moretti, a mais recente versão de Mad Max e a trilogia de Miguel Gomes, As Mil e Uma Noites.
Fazem assim parte deste top ordenado os seguintes filmes:
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1. Mia Madre, de Nanni Moretti
2. Rak ti Khon Kaen, de Apichatpong Weerasethakul
3. L'Ombre des Femmes, de Phlippe Garrel
4. The Smell of Us, de Larry Clark
5. Mad Max Fury Road, de George Miller
6. Jauja, de Lisandro Alonso
7. Inherent Vice, de Paul Thomas Anderson
8. As Mil e Uma Noites, de Miguel Gomes
9. Sangailes Vasara, de Alanté Kavaité
10. Kishibe no Tabi, de Kiyoshi Kurosawa
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Sight & Sound - Top de 2015

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A reputada Sight & Sound divulgou a sua lista dos vinte melhores títulos cinematográficos do ano. Esta lista, encabeçada por um filme de Taiwan tem ainda, entre eles, alguns dos mais antecipados filmes desta temporada de prémios, alguns candidatos ao Oscar de Filme Estrangeiro e dois títulos portugueses. É a lista completa:
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1. Nie Yinniang, de Hou Hsiao-Hsien
2. Carol, de Todd Haynes
3. Mad Max Fury Road, de George Miller
4. As Mil e Uma Noites, de Miguel Gomes
5. Rak Ti Khon Kaen, de Apichatpong Weerasethakul
6. No Home Movie, de Chantal Akerman
7. 45 Years, de Andrew Haigh
8. Saul Fia, de Laszlo Nemes
9. Amy, de Asif Kapadia e Inherent Vice, de Paul Thomas Anderson
11. Anomalisa, de Charlie Kaufman e Duke Johnson e It Follows, de Daid Robert Mitchell
13. Phoenix, de Christian Petzold
14. Bande de Filles, de Céline Sciamma, Trudno byt Bogom, de Aleksei German, Inside Out, de Pete Docter, Tangerine, de Sean Baker e Taxi, de Jafar Panahi
19. Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa e The Look of Silence, de Joshua Oppenheimer
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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Shortcutz Viseu - Sessão #63

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O Shortcutz Viseu está de volta com a sua Sessão #63 onde regressa mais um segmento de Curtas em Competição onde serão exibidas as curtas-metragens O Efeito Isaías, de Ramón de los Santos - presenta na sessão para a apresentação do seu filme - e ainda Bestas, de Rui Neto e Joana Nicolau filme vencedor do primeiro Sophia Estudante entregue pela Academia Portuguesa de Cinema.
Finalmente no segmento Shortcutz Around the World será apresentada a curta-metragem espanhola Con Quien Sueña Berta?, de Francisco Javier Gomez Pinteño.
Assim, para mais uma sessão do melhor cinema em formato curto, o lugar para se estar na próxima sexta-feira 27 de Novembro é o Carmo'81, na Rua do Carmo, em Viseu.
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Hollywood Film Awards 2015: os vencedores

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Filme: The Martian, de Ridley Scott
Comédia: Trainwreck, de Amy Schumer
Documentário: Amy, de Asif Kapadia
Filme de Animação: Inside Out, de Pete Docter
Produtor: Ridley Scott, The Martian
Realizador: Tom Hooper, The Danish Girl
Realizador Revelação: Adam McKay, The Big Short
Actor: Will Smith, Concussion
Actriz: Carey Mulligan, Suffragette
Actor Secundário: Benicio Del Toro, Sicario
Actriz Secundária: Jane Fonda, Youth
Actor Revelação: Joel Edgerton, Black Mass
Actriz Revelação: Alicia Vikander. The Danish Girl
Elenco: The Hateful Eight
Elenco Revelação: Corey Hawkins, O'Shea Jackson Jr., Jason Mitchell, Straight Outta Compton
Argumento: Tom McCarthy e Josh Singer, Spotlight
Montagem: David Rosenbloom, Black Mass
Fotografia: Janusz Kaminski, Bridge of Spies
Compositor: Alexandre Desplat, The Danish Girl e Suffragette
Canção: "See You Again", Wiz Khalifa e Charlie Puth, Furious Seven
Guarda-Roupa: Sandy Powell, Cinderella
Design de Produção: Colin Gibson, Mad Max: Fury Road
Som: Gary Rydstrom, Bridge of Spies
Efeitos Especiais Visuais: Tim Alexander, Jurassic World
Caracterização: Lesley Vanderwalt, Mad Max: Fury Road
New Hollywood Award: Saoirse Ronan, Brooklyn
Hollywood Movie Award: Furious Seven, de James Wan
Hollywood Blockbuster Award: Furious Seven, de James Wan
Carreira: Robert De Niro
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Prémios Fénix de Cinema Ibero-Americano 2015: os vencedores

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Filme: El Club, de Fábula
Documentário: Últimas Conversas, de Eduardo Coutinho
Realizador: Ciro Guerra, El Abrazo de la Serpiente e Pablo Larraín, El Club
Actor: Alfredo Castro, El Club
Actriz: Dolores Fonzi, La Patota
Argumento: Daniel Villalobos, Guillermo Calderón e Pablo Larraín, El Club
Montagem: Telmo Churro, Miguel Gomes e Pedro Filipe Marques, As Mil e Uma Noites - Volume 1: O Inquieto, Volume 2: O Desolado e Volume 3: O Encantado
Fotografia - Ficção: David Gallego, El Abrazo de la Serpiente
Fotografia - Documentário: Katell Dijan, El Botón de Nacar
Música: Nascuy Linares, El Abrazo de la Serpiente
Som: Carlos García e Marco Salaverría, El Abrazo de la Serpiente
Guarda-Roupa: Sofia Lantan, Ixcanul
Direcção Artística: Pepe Domínguez, La Isla Mínima
Fénix Contribuição à Cultura Cinematográfica: José María Prado - Filmoteca Española
Fénix Trabalho Crítico: Jorge Ayala Blanco
Fénix Carreira: Patricio Guzmán
Fénix Exhibidores: Relatos Salvajes, de Damián Szifrón

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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Premio Sur - Academia Argentina de Cinema 2015: os vencedores

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Filme: Refugiado, de Diego Lerman
Primeira Obra: Ciencias Naturales, de Matías Lucchesi
Documentário: La Calle de los Pianistas, de Mariana Nante
Realizador: Diego Lerman, Refugiado
Actor Protagonista: Joaquín Furriel, El Patrón, Radiografía de un Crimen
Actriz Protagonista: Dolores Fonzi, La Patota
Actor Secundário: Rafael Spregelburg, Abzurdah
Actriz Secundária: Maricel Alvarez, Mi Amiga del Parque
Revelação Masculina: Peter Lanzani, El Clan
Revelação Feminina: María Eugenia Suárez, Abzurdah
Argumento Original: Diego Lerman e María Meira, Refugiado
Argumento Adaptado: Nicolás Batlle, Javier Olivera e Sebastián Schindel, El Patrón, Radiografía de un Crimen
Montagem: Alejandro Brodersohn, Refugiado
Fotografia: Julián Apezteguía, El Clan
Música Original: Iván Wyszogrod, Papeles en el Viento
Direcção Artística: Sebastián Orgambide, El Clan
Guarda-Roupa: Julio Suárez, El Clan
Caracterização: Karina Camporino, El Patrón, Radiografía de un Crimen
Som: Vicente D'Elía e Leandro de Loredo, El Clan
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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Independent Spirit Awards 2016: os nomeados

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Melhor Filme
Anomalisa, Duke Johnson, Charlie Kaufman, Dino Stamatopoulos e Rosa Tran (prods.)
Beasts of No Nation, Daniel Crown, Idris Elba, Cary Joji Fukunaga, Amy Kaufman, Daniela Taplin Lundberg e Riva Marker (prods.)
Carol, Elizabeth Karlsen, Christine Vachon e Stephen Woolley (prods.)
Spotlight, Blye Pagon Faust, Steve Golin, Nicole Rocklin e Michael Sugar (prods.)
Tangerine, Sean Baker, Karrie Cox, Marcus Cox, Darren Dean e Shih-Ching Tsou (prods.)
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Melhor Primeiro Filme
The Diary of a Teenage Girl, de Marielle Heller (real.) e Miranda Bailey, Anne Carey, Bert Hamelinck e Madeline Samit (prods.)
James White, de Josh Mond (real.) e Max Born, Antonio Campos, Sean Durkin, Melody Roscher e Eric Schultz (prods.)
Manos Sucias, de Josef Kubota Wladyka (real.) e Elena Greenlee e Márcia Nunes (prods.)
Mediterranea, de Jonas Carpignano (real.) e Jason Michael Berman, Chris Columbus, Jon Coplon, Christoph Daniel, Andrew Kortschak, John Lesher, Ryan Lough, Justin Nappi, Alain Peyrollaz, Gwyn Sannia, Marc Schmidheiny, Victor Shapiro e Ryan Zacarias (prods.)
Songs My Brothers Taught Me, de Chloé Zhao (real. e prod.) e Mollye Asher, Nina Yang Bongiovi, Angela C. Lee e Forest Whitaker (prods.)
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Prémio John Cassavetes
Advantageous, de Jennifer Phang (real., prod. e arg.) e Jacqueline Kim (prod. e arg.) e Robert Chang, Ken Jeong, Moon Molson e Theresa Navarro (prods.)
Christmas, Again, de Charles Poekel (real., prod. e arg.)
Heaven Knows What, de Benny Safdie e Josh Safdie (reals.), Ronald Bronstein e Josh Safdie (args.) e Oscar Boyson e Sebastian Bear McClard (prods.)
Krisha, de Trey Edward Shults (real., prod. e arg.) e Justin R. Chan, Chase Joliet e Wilson Smith (prods.)
Out of My Hand, de Takeshi Fukunaga (real. e arg.), Donari Braxton (arg.) e Mike Fox (prod.)
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Melhor Realizador
Sean Baker, Tangerine
Cary Joji Fukunaga, Beasts of No Nation
Todd Haynes, Carol
Duke Johnson e Charlie Kaufman, Anomalisa
Tom McCarthy, Spotlight
David Robert Mitchell, It Follows
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Melhor Actor
Christopher Abbott, James White
Abraham Attah, Beasts of No Nation
Ben Mendelsohn, Mississippi Grind
Jason Segel, The End of the Tour
Koudous Seihon, Mediterranea
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Melhor Actriz
Cate Blanchett, Carol
Brie Larson, Room
Rooney Mara, Carol
Bel Powley, The Diary of a Teenage Girl
Kitana Kiki Rodriguez, Tangerine
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Melhor Actor Secundário
Kevin Corrigan, Results
Paul Dano, Love & Mercy
Idris Elba, Beasts of No Nation
Richard Jenkins, Bone Tomahawk
Michael Shannon, 99 Homes
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Melhor Actriz Secundária
Robin Bartlett, H.
Marin Ireland, Glass Chin
Jennifer Jason Leigh, Anomalisa
Cynthia Nixon, James White
Mya Taylor, Tangerine
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Melhor Argumento
Charlie Kaufman, Anomalisa
Donald Margulies, The End of the Tour
Tom McCarthy e Josh Singer, Spotlight
Phyllis Nagy, Carol
Craig Zahler, Bone Tomahawk

Melhor Primeiro Argumento
Jesse Andrews, Me and Earl and the Dying Girl
Jonas Carpignano, Mediterranea
Emma Donoghue, Room
Marielle Heller, The Diary of a Teenage Girl
John Magary, Russell Harbaugh e Myna Joseph, The Mend

Melhor Fotografia
Cary Joji Fukunaga, Beasts of No Nation
Michael Gioulakis, It Follows
Ed Lachman, Carol
Reed Morano, Meadowland
Joshua James Richards, Songs My Brothers Taught Me

Melhor Montagem
Ronald Bronstein e Benny Safdie, Heaven Knows What
Tom McArdle, Spotlight
Nathan Nugent, Room
Julio C. Perez IV, It Follows
Kristan Sprague, Manos Sucias

Prémio Robert Altman
Spotlight, de Tom McCarthy (real.), Kerry Barden e Paul Schnee (dir. de casting), Billy Crudup, Paul Guilfoyle, Neal Huff, Brian d’Arcy James, Michael Keaton, Rachel McAdams, Mark Ruffalo, Liev Schreiber, Jamey Sheridan, John Slattery e Stanley Tucci (elenco)
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Melhor Documentário
(T)ERROR, de Lyric R. Cabral e David Felix Sutcliffe (reals. e prods.) e Christopher St. John (prod.)
Best of Enemies, de Robert Gordon e Morgan Neville (reals. e prods.)
Heart of a Dog, de Laurie Anderson (real. e prod.) e Dan Janvey (prod.)
The Look of Silence, de Joshua Oppenheimer (real.) e Signe Byrge Sørensen (prod.)
Meru, de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi (reals. e prods.) e Shannon Ethridge (prod.)
The Russian Woodpecker, de Chad Gracia (real. e prod.) e Ram Devineni e Mike Lerner (prods.)
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Melhor Filme Internacional
El Abrazo de la Serpiente, de Ciro Guerra (Colômbia)
Bande de Filles, de Céline Sciamma (França)
Mustang, de Deniz Gamze Ergüven (França/Turquia)
En Duva Satt på en Gren och Funderade på Tillvaron, de Roy Andersson (Suécia)
Saul Fia, de László Nemes (Hungria)
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19th Annual Piaget Producers Award
Darren Dean
Mel Eslyn
Rebecca Green e Laura D. Smith
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22nd Annual Kiehl’s Someone to Watch Award
God Bless the Child, de Robert Machoian e Rodrigo Ojeda-Beck
King Jack, de Felix Thompson
Songs My Brothers Taught Me, de Chloé Zhao
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21st Truer Than Fiction Award
Among the Believers, de Mohammed Ali Naqvi e Hemal Trivedi
Incorruptible, de Elizabeth Chai Vasarhelyi
A Woman Like Me, de Elizabeth Giamatti e Alex Sichel
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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Shortcutz Viseu - vencedor de Outubro

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O Shortcutz Viseu anunciou o vencedor do mês de Outubro sendo este a curta-metragem Doce Lar, de Nuno Baltazar.
A curta-metragem que conta com a interpretação de Adriano Carvalho é assim a terceira vencedora mensal a competir pelo prémio de Melhor Curta-Metragem do Ano juntando-se a Deus Providenciará, de Luís Porto e O Silêncio Entre Duas Canções, de Mónica Lima.
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domingo, 22 de novembro de 2015

Sophia Estudante 2016: os nomeados

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Depois de finalizada a segunda gala dos Prémios Sophia Estudante onde foram conhecidos os três primeiros lugares de cada categoria - Ficção, Documentário, Animação e Experimental - ficaram também a ser conhecidos os quatro nomeados ao Sophia Estudante a atribuir na quarta gala dos prémios da Academia Portuguesa de Cinema a realizar a 13 de Maio de 2016 no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Estão assim desde já nomeadas as curtas-metragens Palhaços, de Pedro Crispim (Ficção), Terra-Mãe, de Ricardo Couto (Documentário), Ghiocel, de Mara Ungureanu (Animação) e Afrodite, de Gonçalo Nobre de Almeida (Experimental).
O primeiro vencedor do Sophia Estudante em 2015 foi a curta-metragem Bestas, de Rui Neto e Joana Nicolau (Ficção).
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sábado, 21 de novembro de 2015

Sophia Estudante 2015: os vencedores

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Ficção
1º Lugar: Palhaços, de Pedro Crispim, (Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo - ESMAE)
Lugar: Marasmo, de Gonçalo Loureiro (Escola das Artes - Som e Imagem UCP)
3º Lugar: Leonor, de  Emanuel Siva, Mariana Branco, Mariana Mendes e Vânia Silva (Universidade de Aveiro)

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Experimental
1º Lugar: Afrodite, de Gonçalo Nobre de Almeida (ULHT - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias)
2º Lugar: Alone, de Nídia Quintela e Tiago Machado (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
3º Lugar: Ossos, de João Xavier (ETIC)
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Animação
1º Lugar: Ghiocel, de Mara Ungureanu (Escola das Artes - Som e Imagem UCP)
2º Lugar: Meada, de Linnea Lidegran (ESMAE Escola Superior de Música Artes e Espectáculo)
3º Lugar: An Original Cliché, de Inês Carvalho (ULHT - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias)
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Documentário
1º Lugar: Terra-Mãe, de Ricardo Couto (ESMAE Escola Superior de Música Artes e Espectáculo)
2º Lugar: Um Dia na Vida do Pastor Boaventura, de Emanuel Silva (Universidade de Aveiro)
3º Lugar: Para Lá do Marão, de José Fernandes (ULHT - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias)
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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Becoming Bulletproof (2014)

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Becoming Bulletproof de Michael Barnett é um documentário em formato de longa-metragem norte-americano centrado no processo de filmagens de Bulletproof - o filme - com actores com necessidades especiais que encontram neste processo uma forma de auto-validação - e acreditação - nas suas capacidades e potencialidades enquanto artistas.
Um desses actores é AJ Murray um jovem confinado a uma cadeira de rodas devido à doença que o aflige mas cujos sonhos são bem maiores do que as limitações que lhe estão inerentes. Como estreante nesta companhia de actores, o espectador acompanha todo o processo de preparação do filme e alguns desabafos pessoais de AJ que se revela através dos ensaios e demais experiências ao mesmo tempo que se liberta do acompanha do lar e da mãe entregando-se, por outro lado, àqueles que o acompanham em filmagens e que partilham com ele todo um conjunto de momentos e intimidades que nunca havia experimentado com outra pessoa desde, por exemplo, tarefas como o vestir até à higiene diária que precisa efectuar e que, até então, havia sempre estado ao cargo da mãe.
Desde as provas de guarda-roupa as ensaios do guião, o espectador acompanha este conjunto de actores não profissionais - mais com uma vontade enorme de saborear o que têm paa dar ao mundo - nas suas relações e nos afectos que estabelecem não só entre si como também com aqueles que os acompanham diariamente como sendo os seus braços, pernas ou mente mais "móvel", como também verbalizam - graças a esta experiência - a sua condição no mundo, os seus sonhos, vontades e desejos (inclusive do próprio despertar sexual), afirmando-se naturalmente como os homens e mulheres que são. No fundo, tudo o que está por detrás desta experiência fílmica acaba por ser a humanização do seu ser e não as limitações da sua condição física.
Curiosa ainda a forma como são criadas em Becoming Bulletproof as dinâmica perfeitas não só entre estes actores e os seus "auxiliares" (creio que podem ser assim apelidados sem que tenha este termo nada de diminuto), como também são inseridos no documentário os pais de alguns deles que expõem alguns detalhes da sua infância ou até mesmo dos seus desejos e aspirações para os filhos que esperam ver "crescer" . no sentido do seu auto-desenvolvimento. É então que, criada esta "ponte" temos, uma vez mais, a presença de AJ que revela sentir difícil o seu regresso ao "mundo real" depois de uma experiência onde viveu o seu sonho... como regressar depois de o ter experimentado? Depois de alguns desabafos e mágoa sobre o seu sentimento diário em que revela achar-se um "inútil", Becoming Bulletproff tem através dos seus relatos, presença e experiências, o seu mais emotivo interlocutor que apenas espera - tal como todos nós - amor, respeito e dignidade para a sua vida.
Tal como é referido a certa altura, e que retrata na perfeição o objectivo principal deste documentário, Becoming Bulletproof encarna uma sentida tradução da experiência humana... quebra barreiras sociais e estabelece pontes entre os indivíduos independentemente das suas condições, assumindo-se, dessa forma, como um dos mais emotivos e humanos documentários dos últimos tempos.
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8 / 10
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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Tangerine (2015)

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Tangerine de Sean Baker é uma longa-metragem independente norte-americana premiada no Festival de Sundance e que nos relata um final de tarde e uma noite na vida de Sin-Dee Rella (Kitana Kiki Rodrigues) que regressa ao seu bairro depois de uma breve detenção onde encontra Alexandra (Mya Taylor) e que nesta véspera de Natal descobre que Chester (James Ransone) o seu namorado e "chulo" não foi totalmente fiel.
Naquela que será uma verdadeira odisseia de Sin-Dee pelas ruas de uma quente Los Angeles, ela irá não só em busca do seu namorado como da mulher com quem ele a traiu enquanto é perseguida por Ramzik (Karren Karagulian), um taxista de origem arménia que tem uma obsessão secreta.
O realizador Sean Baker e Chris Bergoch escrevem o argumento de uma pouco convencional história de Natal onde as suas personagens - também elas alternativas - vivem os dramas de uma existência à margem tendo, no entanto, um curioso, inesperado e cúmplice desfecho para as suas existências. Estamos então perante uma história de Natal que ao contrário do tradicional não nos irá apresentar uma família unida, nem tão pouco presentes que momentaneamente possamos relacionar com a importância que os outros nos depositam. Não vamos encontrar neve, nem camisolas quentes ou tão pouco qualquer tipo de cumplicidade e lealdade entre estas personagens que, em boa medida, andam pelo mundo com um próprio sentido ainda desconhecido. Aqui, aquilo que as move, prende-se única e exclusivamente com uma sobrevivência diária que lhes permita ignorar aquilo que são, a falta de aceitação dos que as rodeiam ou ainda a inexistente amizade nos momentos em que mais precisam limitando-se assim a viver uma existência solitária e incompreendida que as torna invisíveis para lá da "noite" em que tradicionalmente habitam.
Aquilo que tornou Tangerine um filme "esperado" e de certa forma muito badalado foi o facto de ser liderado por duas actrizes transexuais que entregam, através das suas personagens, um olhar pouco explorado em cinema e que lhes conferem uma humanidade que, de certa forma, o espectador não esperava ver. Longe de serem redentoras ou tão pouco de apresentar qualquer tipo de acção de afirmação ou moralidade sobre as suas existências - não as observamos em nenhum momento a pedir respeito aos que com elas habitam, bem pelo contrário demonstram ter vidas onde a droga e a prostituição reinam -, as personagens interpretadas por Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor são em boa medida duas marginais a uma sociedade que simplesmente prefere olhar para o outro lado e ignorar a sua existência excepto quando lhes confere a "utilidade" de um prazer sexual rápido, anónimo e que corresponda àquilo que essa mesma sociedade diz ser "proibido".
Num ritmo que muito se aproxima de um docudrama onde os factos e a dramatização caminham de mão dada, Tangerine leva o espectador a uma breve viagem ao outro lado de Los Angeles, onde as estrelas não brilham, não são conhecidas e tão pouco esperam ter a tal "oportunidade". Aqui todos são aqueles que perceberam que o seu tempo passou e que nunca irão ser mais do que aquilo que conseguiram até então... existências mundanas e solitárias.
Mas, quando pensamos que tudo está perdido para "Sin-Dee" e para "Alexandra", é através de um acto irracional de elementos exteriores que percebemos realmente do que são feitas estas duas mulheres para quem a definição de amizade se baseava apenas em meia dúzia de horas passadas em conjunto onde verbalizavam trivialidades sobre o que poderiam ser, ter ou fazer. É naquele exacto momento final que ambas percebem que tudo poderá acabar bem entre elas independentemente daquilo - pouco - que têm ou virão a ter residindo a sua sobrevivência na confiança que sentem existir mesmo nos momentos em que essa mesma amizade poderia sair comprometida.
Ainda com um olhar sobre a sexualidade de algumas personagens mantida em segredo, ou até mesmo sobre a abertura com que outros olham para a mesma, Tangerine transforma o lado "negro", exuberante e completamente marginal de uma Los Angeles - e a cidade propriamente dita - sem o brilho das estrelas numa personagem pouco oculta desta longa-metragem que vive entre a comédia das personagens que esconde o drama que sentem no seu interior, deixando o espectador pensar sobre o que encontram estas pessoas quando se olham ao espelho... alguém concretizado... alguém martirizado...?!
Ainda que Tangerine sobreviva graças à tenacidade e excentricidade da dupla protagonista, não é menos verdade que um dos seus mais fortes elementos é a direcção de fotografia de Radium Cheung e Sean Baker que confere a tal vivacidade a uma Los Angeles desconhecida transformando-a num elemento sentido e presente bem como o ar frenético incorporado pela dupla que as faz estar em todo o lado ao mesmo tempo.
Invulgar pela temática e longe de ser o típico conto de Natal, Tangerine é uma inesperada surpresa pela forma como permite ao espectador rir mas deixá-lo numa incerteza de sentimentos ou percepções sobre aqueles que observa... estarão realmente felizes ou escondem a sua mágoa e incompreensão por detrás de um certo look estridente que nos permite observá-los como aquilo que esperamos ver da sua parte e não necessariamente aquilo pelo qual realmente são.
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"Sin-Dee: Merry Christmas Eve, Bitch."
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7 / 10
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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Un Día Diferente (2014)

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Un Día Diferente de José Luis Lozano é uma curta-metragem espanhola de ficção que retrata para o espectador um dia na vida de um sem-abrigo que aqui desperta para mais um conjunto de situações comuns àqueles que vivem sem tecto. Mas, o que aconteceria se este dia não fosse como os demais?
Esta brevíssima curta-metragem - cujo desfecho apesar de anunciado se torna como uma reflexão sobre os dias modernos - poderá ser considerada como uma interessante exercício sobre a condição humana na medida em que reflecte não só sobre as vivências diárias de alguém que não foi bafejado com a sorte da vida mas também sobre aqueles que tendo sido se demonstram como pessoas frias, indiferentes e amargas para com as situações adversas dos demais.
Se considerarmos que aqueles que se encontram na rua são, à partida, pessoas cuja vida se encaminhou para o rumo errado e que, como tal, tiveram de se ver a braços com escolhas complicadas, Un Día Diferente transforma-se assim numa versão alternativa desta escolha onde se descobre esse lado não por uma inevitabilidade mas sim como uma opção didática daqueles que não a tiveram. No fundo, o tal "dia diferente" aqui analisado é não tanto o daqueles que não tiveram escolha mas sim o daqueles que confortavelmente ignoram quem de forma silenciosa e anónima percorre as ruas sem hipótese de escolher.
Quase como uma lição de moral, o espectador é então forçado a ver que a sua existência pode ser má mas outros existem que sofrem não só com as dificuldades económicas e financeiras que os afligem mas também com a indiferença e crueldade que outros decidem de forma fria afectar quem já pouco tem.
Interessante de um ponto de vista social, Un Día Diferente poderia constituir-se como o nosso - do espectador - dia diferente... A questão apenas se coloca se estamos dispostos a aceitá-lo...
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6 / 10
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Sagnant (2014)

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Sagnant de Tatiana Dunyó - também a autora do argumento - é uma curta-metragem espanhola de ficção que nos conta a história de Virgi (Roser Vilajosana) uma jovem estudante que mantém em segredo um caso com Luc (Christian Guiriguet), o seu professor de História.
Ela com uma vontade de estabelecer uma relação que é, para ele, impossível de manter ou confirmar principalmente devido a ainda não ser adulta como também por manter outra relação, a qual o irá fazer entrar no novo papel da paternidade.
Poderá Virgi compreender a impossibilidade desta relação ou terá Luc de lhe revelar a mesma?
Tido como um drama ligeiro, Sagnant esconde por detrás de um romântico cenário de entardecer uma perigosa história de traição, assédio, mentira e um suposto amor proibido que algumas palavras e intenções mais bonitas abafam como potencialmente "normal". Para lá da traição exercida por um homem em relação à sua mulher grávida e com quem partilha a vida, o espectador não se pode esquecer daqueles mais óbvios elementos que percorrem os quinze minutos desta curta-metragem, ou seja, a evidente relação desse mesmo homem com uma menor que é sua aluna... Aqui poderíamos ainda analisar as questões de assédio e privilégio inerentes a esta relação que por chantagem e proveito - numa união directa - poderiam favorecer a menor que, no entanto, poderá estar a ser coagida para uma intimidade com aquele com quem se cruza todos os dias na sala de aula.
Se a nível de argumento Sagnant levanta todas estas questões - a serem analisadas pelo espectador - não é menos verdade que ainda a nível técnica apresenta alguns elementos de qualidade nomeadamente a sua direcção de fotografia de Victor Català que facilmente incute a esta despedida (?) um clima tão tórrido como aquele que ambos eventualmente viveram.
Executada com profissionalismo e com uma notada qualidade de argumento, Sagnant oscila entre a curta-metragem dramática e aquele de cariz mórbido que vive - e esconde - os podres de dois seres que vivem uma relação moralmente proibida e eventualmente vergonhosa.
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7 / 10
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Arosake Chiniye Baba (2013)

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Arosake Chiniye Baba de Ali Zare Ghanatnowi é uma curta-metragem iraniana de animação que de forma inteligente e direccionada não só a crianças como principalmente a adultos explica, através dos olhos de uma criança, e de forma "inocente" mas mordaz os dias de terror de uma ditadura e os efeitos sobre uma família.
Através dos bonecos feitos pela mãe, uma jovem criança reconta os acontecimentos que levaram à detenção do seu pai na Teerão dos anos 70 do século passado. Num ambiente onde reina o medo e a opressão, a censura ganha vida e o livre pensamento é então pouco mais do que uma memória proibida do passado.
Quando a mudança de regime proíbe e sanciona todos os relatos dos "novos dias", cada um encontra uma forma de exteriorizar aquilo que vê, sente e presencia e a forma desta jovem criança o fazer chega através dos elementos e dos objectos que mais próximos de sim tem... os bonecos. Desde a invasão do seu lar à detenção do seu pai - que chegou a morrer na prisão com o número 9831 -, o espectador tem assim uma perspectiva através de um olhar inocente sobre acontecimentos políticos e sociais transformadores que lhe conferem uma abordagem sobre a forma como todas estas mudanças são sentidas e perceptíveis mesmo aos olhos daqueles que parecem estar imunes aos mesmos e que assustam não só per si como principalmente pela forma como permanecem na mente daqueles que em jovem idade os presenciam.
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8 / 10
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Prémio de Actores GDA 2015: os vencedores

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A GDA entrega hoje os seus prémios de Actores de Cinema referentes ao ano de 2014 numa iniciativa do Fundo Cultural da Fundação GDA. O Júri composto pelos actores André Gago, Beatriz Batarda e Leonor Silveira decidiu outorgar o Prémio de Melhor Actriz Principal a Maria do Céu Guerra pela sua interpretação no filme Os Gatos não têm Vertigens, de António-Pedro Vasconcelos e ainda o Prémio de Melhor Actor Secundário a Pedro Inês pela sua interpretação em Os Maias - Cenas da Vida Romântica, de João Botelho.
A cerimónia de entrega dos prémios irá ocorrer no Teatro da Trindade, em Lisboa pelas 18e30 sendo complementada com a exibição da curta-metragem O Coro dos Amantes, de Tiago Guedes que conta com a interpretação de Gonçalo Waddington e Isabel Abreu.
De destacar que nas edições anteriores do Prémio GDA foram distinguidos Ivo Canelas e José Eduardo (2008), Anabela Moreira e Tiago Rodrigues (2009), Soraia Chaves e Virgílio Castelo (2010), Leonor Baldaque e São José Correia (2011), Fernando Luís, Nuno Lopes e Rita Martins (2012), Dalila Carmo e Ângelo Torres (2013) e Rita Durão e Paulo Pires (2014).
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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

César Revelação 2016: os pré-seleccionados

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A Academia Francesa de Cinema divulgou hoje os nomes dos dezasseis actores e dezasseis actrizes pré-seleccionados aos César de Melhor Actor e Actriz Revelação, numa cerimónia que será realizada a 26 de Fevereiro próximo no Théâtre du Châtelet, em Paris.
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Actor Revelação
Swann Arlaud, Les Anarchistes
Jules Benchetrit, Asphalte
Mehdi Djaadi, Je Suis à Vous Tout de Suite
Quentin Dolmaire, Trois Souvenirs de Ma Jeunesse
Khereddine Ennasri, Nous Trois ou Rien
Aurélien Gabrielli, Quand Je ne Dors Pas
Kheiron, Nous Trois ou Rien
Karim Leklou, Coup de Chaud
Alban Lenoir, Un Français
Martin Loizillon, Fever
Sâm Mirhosseini, Ni le Ciel ni la Terre
Félix Moati, À Trois on y Va
Finnegan Oldfield, Les Cowboys
Harmandeep Palminder, Bébé Tigre
Rod Paradot, La Tête Haute
Syrus Shahidi, Une Histoire de Fou
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Actriz Revelação
Mathilde Bisson, Au Plus Près du Soleil
Lucie Debay, Melody
Sara Giraudeau, Les Bêtises
Zita Hanrot, Fatima
Stacy Martin, Taj Mahal
Freya Mavor, La Dame dans l’Auto avec des Lunettes et un Fusil
Baya Medhaffar, À Peine j’Ouvre les Yeux
Lena Paugam, L’Ombre des Femmes
Diane Rouxel, La Tête Haute
Lou Roy-Lecollinet, Trois Souvenirs de Ma Jeunesse
Georgia Scalliet, L’Odeur de la Mandarine
Noémie Schmidt, L’Étudiante et Monsieur Henri
Pauline Serieys, Une Famille à Louer
Sarah Suco, Discount
Lily Taieb, Trois Souvenirs de Ma Jeunesse
Sophie Verbeeck, À Trois on y Va
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domingo, 15 de novembro de 2015

LEFFEST - Lisbon & Estoril Film Festival 2015: os vencedores

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Prémio Melhor Filme Jaeger-LeCoultre: 11 Minut, de Jerzy Skolimowski
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Prémio Especial do Júri - João Bénard da Costa: Chant d'Hiver, de Otar Iosseliani
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Prémio Revelação TAP - Melhor Realizador: Brady Corbet, The Childhood of a Leader
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Curta-Metragem: Matka Ziemia, de Piotr Zlotorowicz
Menção Honrosa: Marasmo, de Gonçalo Loureiro
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Tribute Award: Luís Miguel Cintra, Jonathan Demme, Hans-Jurgen Syberberg e Sara Driver
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Sevilla Festival de Cine Europeo 2015: os vencedores

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Secção Oficial
Giraldillo de Oro: La Academia de las Musas, de José Luis Guerín
Giraldillo de Plata: As Mil e Uma Noites: Volume I - III, de Miguel Gomes
Prémio Especial do Júri: Rabin, The Last Day, de Amos Gitai
Prémio de Realizador: Roberto Minervini, The Other Side
Prémio de Actor: Teo Corban, One Floor Below
Prémio de Actriz: Clotilde Courau, In the Shadow of Women
Prémio de Argumento: Alexandru Baciu, One Floor Below
Prémio de Fotografia: Diego Romero, The Other Side
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Las Nuevas Olas
Prémio Filme: Pozoamargo, de Enrique Rivero
Prémio Especial: Berserker, de Pablo Hernando
Menção Especial: Dead Slow Ahead, de Mauro Herce
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Las Nuevas Olas No Ficción
Prémio Nuevas Olas No Ficción: The Event, de Sergei Loznitsa
Menção Muy Especial: No Home Movie, de Chantal Akerman
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FIPRESCI
Prémio Filme - Competição Oficial Resistencias: Transeúntes, de Luis Aller
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Europa Junior
Prémio Giraldillo Junior: Yoko y sus Amigos, de Juanjo Elordi e Rishat Gilmetdinov
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Selecção EFA
Grande Prémio do Público: Mustang, de Deniz Gamze Ergüven
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EURIMAGES
Prémio Eurimages Co-Produção Europeia: The Lobster, de Yorgos Lanthimos
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ASECAN (Asociación de Escritores Cinematográficos de Andalucía)
Prémio SGAE Curta-Metragem Panorama Andaluz: Show Me Now, de Manuel Jiménez Núñez
Prémio Especial SGAE - Direcção Artística - Realizador: David Muñoz, El Juego del Escondite
Menção Especial: Bla Bla Bla, de Alexis Morante
Prémio ASECAN ao Filme da Secção Oficial: As Mil e Uma Noites: Volume I - III, de Miguel Gomes
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II Prémio Ocaña à Liberdade: Eisenstein in Guanajuato, de Peter Greenaway
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Warren Mitchell

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1926 - 2015
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Saeed Jaffrey

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1929 - 2015
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sábado, 14 de novembro de 2015

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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Maxime Bouffard

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1986 - 2015
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Christophe Lellouche

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1982 - 2015
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Romain Feuillade

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1984 - 2015
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Mathieu Hoche

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1978 - 2015
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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Shortcutz Viseu - Sessão #62

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De regresso para a Sessão #62, o Shortcutz Viseu apresenta esta semana a uma sexta-feira 13 duas curtas-metragens na secção Curtas em Competição sendo elas Lei da Gravidade, de Tiago Rosa-Rosso que estará representado pelo actor Pedro Gomes, e ainda Encontradouro, de Afonso Pimentel - curta-metragem vencedora do Sophia da Academia Portuguesa de Cinema - presente também nesta sessão para a apresentação do seu filme.
Como Projecto Convidado o Shortcutz Viseu irá apresentar o Leiria Film Fest que leva como curta-metragem convidada a argentina La Mirada Perdida, de Damián Dionisio.
Desta forma, e para todos os interessados em mais uma excelente noite de cinema em formato curto, o lugar para passar a sexta-feira é o Carmo'81, na Rua do Carmo, em Viseu a partir das 22 horas.
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Jogo de Damas (2015)


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Jogo de Damas de Patrícia Sequeira é uma longa-metragem portuguesa exibida fora de competição nesta edição do LEFFEST - Lisbon & Estoril Film Festival que decorre até ao próximo dia 15 de Novembro em várias salas de cinema de Lisboa, Estoril e Cascais.
Depois da morte de Marta, as suas cinco melhores amigas - Maria (Ana Nave), Dalila (Ana Padrão), Ema (Fátima Belo), Ana (Maria João Luís) e Mónica (Rita Blanco) - reúnem-se na casa de campo que esta queria transformar para turismo rural.
Numa noite que servirá de reencontro e de aproximação, as memórias da sua amizade presente e passada irão determinar se poderá existir um futuro para a mesma. Conseguirá esta amizade sobreviver à morte?
Num ambiente que se pretende - e consegue - ser claramente intimista, o argumento de Jogo de Damas da autoria de Filipa Leal capta a essência de uma reunião de amigas que após um trágico acontecimento que a todas marca decidem restabelecer esses velhos laços de amizade então relativamente abalados. Cada uma com os seus segredos, desgostos, silêncios e mágoas tentam muito polidamente focar-se única e exclusivamente na perda de "Marta" mas, na realidade, são aquelas horas em conjunto e os silêncios que duravam até então que irão definir aquilo que será a sua "nova" cumplicidade.
Tendo cada uma delas algo a esconder e, ao mesmo tempo, algo que apontar às demais, Jogo de Damas centra-se assim na dinâmica que estas mulheres pretendem agora ter entre si sem esquecer com isso todo um passado comum que as trouxe, após largos anos, ao momento em que se encontram. A pergunta que lentamente se instala é apenas uma... até que ponto se conhecem realmente estas mulheres?
Os silêncios como consequência dos dramas vividos esconderam, em certa medida, aquilo que este grupo de amigos conhecia realmente a respeito das demais. Casamentos falhados, traições, doença e até a sua própria sexualidade foram, com o passar dos anos, assuntos tão íntimos que geraram vergonhas internas impedindo-as não de partilhar o seu "momento" mas sim de os esconder por vergonha de um "falhanço" anunciado que as demais pudessem menosprezar. Se para "Maria" a sua vida se tornou tão complicada que não pode atender ou responder ao desespero das amigas, para "Dalila" e "Ema" são os amores proibidos ou não correspondidos e que "Ana" não sente (ou sentiu) e que "Mónica" esconde por o ter, de certa forma, perdido. Se é a morte de uma "Marta" - que o espectador nunca chega realmente a conhecer para além de ser cunhada de "Mónica" - que as aproxima fisicamente, são no entanto aqueles momentos que partilham madrugada fora que as aproximam de facto através das suas cumplicidades não perdidas confirmando que a sua amizade continua, tal como antes, intacta.
É nos intervalos da morte que se pode experimentar viver... Esta poderia ser a premissa deste filme onde a referida morte é uma presença sentida, não só pelo funeral do qual chegam como também pela - agora - sentida consciencialização de que ela irá, invariavelmente, chegar e colher as suas vidas. É de ordem aleatória e desconhecida que se fará sentir mas não deixa, no entanto, de ser uma certeza. Estas mulheres são assim as sobreviventes que ainda têm a tal "oportunidade" lançada pela morte. Aquelas que podem experimentar e ousar sentir, viver, rir e ter. São aquelas que estão no não tão longo intervalo cedido pela morte mas que, curiosamente o ignoraram, limitando-se por um conjunto de medos, incertezas, vergonhas e inibições de simplesmente sentir... o amor, a aventura e até certo momento, medo de experimentar a própria vida.
Longe de ser um filme "para mulheres" como alguns o poderão querer passar ou até mesmo de outras experiências - pobres - como o Sei Lá de Joaquim Leitão, Jogo de Damas ocupa o seu espaço com cinco fortes interpretações femininas - e que se diga que o quinteto Belo, Blanco, Luís, Nave e Padrão é do melhor que o nosso burgo pode ter - que encarnam uma notória cumplicidade e entrega fazendo o espectador acreditar que se encontra perante um grupo de amigas de longa data... Desde a mágoa do amor perdido de Padrão â louca transgressão de Maria João Luís, sem esquecer a dedicação de Blanco, o sucesso de Nave ou o desgosto de Belo, estas cinco mulheres encarnam o rosto da cumplicidade não escondendo as suas mágoas... Capazes de perdoar mas feridas... E que cada ruga - ainda bem que não usaram caracterização para as esconder - representa um conjunto de histórias, momentos, tristezas e alegrias de um passado comum onde celebraram todos esses pequenos espaços que as trouxeram àquilo que hoje são. Da falta de amor à recusa do mesmo, da fama ao anonimato, da consciência de grupo à individualidade, Jogo de Damas apresenta todos estes pequenos conceitos e muitos mais deixando ainda ao espectador a capacidade - e liberdade - de se identificar com vários pequenos elementos de cada uma delas.
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7 / 10
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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Te Prometo Anarquía (2015)

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Te Prometo Anarquía de Julio Hernández Cordón é uma longa-metragem de ficção presente na secção competitiva desta edição do LEFFEST - Lisbon & Estoril Film Festival que decorre até ao próximo dia 15 de Novembro.
Miguel (Diego Calva Hernández) e Johnny (Eduardo Eliseo Martínez) são dois adolescentes companheiros de aventuras e de amor que se dedicam ao tráfico de sangue para ganharem dinheiro no México dominado pelos cartéis.
Desresponsabilizados de todo e qualquer compromisso para lá da evidente cumplicidade mútua, os dois vão embarcar numa perigosa viagem que irá alterar para sempre as suas vidas. Num misto de cumplicidade e aventura, os dois jovens vêem-se colocados numa situação limite onde a sua sobrevivência depende do abandonado da vida tal como a conhecem.
O realizador e argumentista Julio Hernández Cordón cria uma invulgar história de amor num México do século XXI onde a pobreza e a ostentação - as oportunidades e a falta delas - se mesclam criando estilos e modos de vida diferentes que co-habitam no mesmo espaço geográfico.
Dividido em três momentos fundamentais, Te Prometo Anarquía apresenta-nos assim estes dois jovens - "Miguel" e "Johnny" - cúmplices desde jovem idade e cuja amizade se desenvolveu para uma relação sentimental que escondem dos poucos amigos e das famílias. Centrados não só na sua relação como nas aparências, ambos partilham ainda uma relação profissional que os aproxima dos cartéis mexicanos... Ambos traficam sangue para os referidos cartéis numa prática que lhes assegura a sobrevivência e a independência de qualquer controlo parental num México com uma elevada taxa de pobreza económica e social bem como de desemprego onde todos lutam por um rendimento extra.
Se neste primeiro momento temos a apresentação desta relação bem como da actividade lúdica na qual partilham a paixão pelo seu skate mas também a crescente - e sempre presente - cumplicidade e até ciúme, a segunda parte deste filme demonstra a vontade de ambos em que os seus rendimentos sejam visíveis para poderem afirmar-se definitivamente como independentes das amarras que ainda os prendem às suas casas.
Finalmente, o terceiro momento deste filme prende-se após uma transacção - a sua última - que envolve várias dezenas de pessoas e que corre mal levando a que os traficantes façam desaparecer todos aqueles que se disponibilizam para doar o seu sangue a troco de alguns dólares, permitindo-lhes assim alguns dias longe da pobreza em que se encontram, os dois jovens deparam-se com a sua independência e segurança ameaçadas tendo, desta forma, de escapar e iniciar toda uma nova vida que será, agora, afastados da cumplicidade que os une.
Com um tom claramente denunciador sobre grandes e "respeitadas" figuras da sociedade que se envolvem com redes criminais de forma a manterem um nível de vista faustoso e de ostentação, Te Prometo Anarquía é principalmente um conto sobre uma amizade incondicional e cúmplice que se vê forçada a encarar a sua extinção e sobre a mágoa, tristeza e o arrependimento de um amor terminado pelas involuntárias circunstâncias de uma vida que se quis e desejou melhor mas que fora ultrapassada e suplantada pelas condicionantes não controladas de um mundo que espera por devorar a próxima vítima desatenta.
Intrigante ainda pela forma como Diego Calva Hernández e Eduardo Eliseo Martínez transformam as suas duas personagens em elementos de uma potencial fábula urbana, Te Prometo Anarquía apresenta estes seres de consciência dupla que  percebendo os actos ilícitos que cometem os denunciam não pelo que praticam mas por aqueles que permitam que os mesmos existam condenando assim as vidas repletas de uma moral podre - mas defendida - em detrimento daqueles que anónimos são sugados pelos malefícios da mesma.
Ainda um destaque positivo para a moderna e sedutora banda-sonora de Erick Bongcam que parece querer transformar toda esta longa-metragem mexicana num videoclip muito ao estilo de século XXI numa sociedade de extremos e para a direcção de fotografia de María Secco que dá uma cor especial às ruas perdidas do México.
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7 / 10
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Betsy Drake

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1923 - 2015
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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Montanha (2015)

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Montanha de João Salaviza é uma longa-metragem portuguesa presente na secção competitiva do LEFFEST - Lisbon & Estoril Film Festival a decorrer am várias salas de Lisboa e Estoril até ao próximo dia 15 de Novembro.
David (David Mourato) é um jovem de quatorze anos que vive nos arredores da capital. Forçado a crescer sózinho, David depara-se com a eventual morte do avô e a necessidade de se tornar adulto antes do tempo ao mesmo tempo que descobre a sua primeira paixão e a perda que está inerente a ambas as situações.
Depois de Arena (2009), de Rafa (2012) e de Cerro Negro (2012) - vencedoras da Palma de Ouro, do Urso de Ouro e do Sophia da Academia Portuguesa de Cinema respectivamente - João Salaviza regressa com a sua primeira longa-metragem e, uma vez mais, também ela com uma perspectiva sobre a clausura. Se em Arena esta se reflectia através de uma prisão domiciliária, em Rafa era a iminência de uma prisão física que se viria a confirmar com Cerro Negro mas, em todas elas, está presente a prisão maior, ou seja, aquela tida pela mente humana. Todas estas personagens - que poderiam facilmente ser "vizinhos" - cujas histórias podem (ou não) cruzar-se nas suas narrativas, são exemplos perfeitos de almas esquecidas. Almas perdidas no tempo e no espaço que ousam - um dia - olhar para lá do seu ambiente dito natural e vislumbrar à distância aquilo que poderia ser "seu".
Se pensarmos nos pequenos, e eventualmente os mais marcantes, momentos dos trabalhos de Salaviza, existe sempre um segmento em que todos olham para o vazio com que se deparam. É nesse momento que percebem que pode(ria)m ser mais - algo mais - do que aquilo que o destino invariavelmente lhes reservou e com o qual foram obrigados a conformar-se.
Transversal a todas as obras de Salaviza está o ambiente em que as suas personagens deambulam - literalmente - na medida em que são filhos de uma população que vive nas margens da sociedade e comunidade urbana. É este urbanismo que, aliás, lhes confere uma certa impotência de recursos e um anonimato que os caracteriza como "um entre muitos", impossibilitando qualquer tipo de resposta para os seus eventuais problemas. Afligidos quer pela crise económica e financeira, quer pela falta de oportunidades que o "mundo" insiste em não lhes proporcionar ou até mesmo pelos estigmas e preconceitos já inerentes ao espaços de onde provêm, todas estas personagens acabam por existir e sobreviver de forma anónima e num silêncio ruidoso.
É então graças a esta impotência retratada pelas personagens do universo de Salaviza, e no fundo pela própria sociedade - deles e nossa - aqui tão bem captadas que todo um conjunto de momentos e situações se despoleta e justifica. Desde a já referida crise que obriga a mãe de "David" a emigrar em busca de uma vida melhor e que, como tal, se vê forçada a deixá-lo com o avô. Esta sensação de abandono parental que faz de "David" um jovem problemático, facto apenas agravado pelo meio em que se encontra e por uma disparidade etária em relação ao seu avô que passa os seus dias mais preocupado em passeios com os amigos do que propriamente em tratar de um neto que entrara recentemente na adolescência e na puberdade e que, graças a toda a falta de orientação que tem, parecem condená-lo a uma vida marginal à lei e à própria sociedade.
Assim, com uma família fragmentada graças a uma mãe (Maria João Pinho) ausente, um avô às portas da morte, uma irmã ainda criança e uma ausência de figura paternal que apenas parece algures no tempo ter ganho forma através de "Gustavo" (Carloto Cotta) pai da sua irmã mais jovem e com quem parece ter uma relação tensa e da qual luta para escapar, "David" é forçado ou a crescer mais cedo ou a entrar em total ruptura com tudo e todos à sua volta. Na ainda impossível ruptura, "David" encontra em "Paulinha", a sua amiga de infância, o único refúgio possível tentando ter através dela o afecto e a cumplicidade que lhe têm faltado por parte de todas as demais pessoas da sua vida iniciando uma viagem pessoal de despertar da sua sexualidade inerentes - em certa medida - à vivência da sua adolescência.
É a solidão de "David" - sempre sofrida em silêncio - que caracteriza Montanha como o primeiro grande reflexo de uma prisão psicológica na obra de Salaviza, que tolhe este jovem e o condena a uma vida marginal onde abundam os pequenos crimes e alguma delinquência frutos de um fracasso económico e social e, como sua directa consequência, àquele também escolar. Silêncio esse que resulta de uma tristeza e um desespero profundos que perpetuam uma falta de motivação e, por sua vez, à eterna questão sobre que futuro - a haver algum - será o dele... Sentimentos fortes estes aos quais o espectador assiste em primeira mão fruto de uma câmara sempre presente e que raramente se distancia dos rostos das diversas personagens alheando-os - e a nós - de todos os detalhes supérfluos. Sempre presente está a ideia de uma morte adiada do avô - física - e a dele e demais personagens - psicológica - pela compreensão de que o "amanhã" pode ser apenas um sonho, também ele, adiado. Mesmo o ambiente exterior é apenas captado na estrita necessidade de captar "o local", não o caracterizando geograficamente nas sim de uma forma geral conferindo apenas a ideia de interior ou exterior mas, no entanto, nunca é esquecida, graças à uma intensa direcção de fotografia de Vasco Viana, a presença de um calor abrasador - pela força da luz e de sombras quentes - que os condena a tal já referida "prisão".
Tal como Os Mutantes (1998), de Teresa Villaverde foi o rosto de uma certa adolescência dos anos 90 do século passado, também a Montanha de Salaviza dá agora o tal rosto a adolescência desta segunda década do século XXI que, desprovida de sonhos, ambições, desejos e até mesmo de uma noção ou concepção de família, se encontra perdida num caminho sem retorno, sem saber para onde se dirigir limitando-se a (sobre)viver como náufragos sem rumo. E se na obra de Villaverde foram Ana Moreira e um desaparecido Alexandre Pinto a encarnarem essa geração, agora é David Mourato que lhe dá corpo e de uma invulgar forma - considerando a falta de objectivos do seu "David" - uma alma... ainda que perdida. Bravo à sua interpretação.
Com uma história que cruza, de certa forma, o enredo das suas curtas-metragens - afinal até aqui temos o "Rafa" (Rodrigo Perdigão) da curta-metragem homónima, Salaviza consegue fazer de Montanha o cúmulo de um desespero já sentido. De uma incapacidade de desejar, de acreditar, de esperar... Aliás, Montanha anula mesmo qualquer tipo de esperança - económica, social, familiar, profissional... - transformando as suas personagens em meros seres que deambulam pelos espaços, sendo uma sua parte anónima... e igualmente silenciosas.
Numa comparação que me parece pertinente não só para enquadrar Montanha como também o ano cinematográfico português... Se As Mil e Uma Noites - Volume I - III, de Miguel Gomes são o retrato de um país descontrolado e sem rumo, e se Uma Rapariga da Sua Idade, de Márcio Laranjeira o são de uma geração que já nos trinta's se encontra estagnada... então Salaviza entrega esta Montanha naquele que é o retrato de uma nova geração completamente perdida.
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"David: Só te tenho a ti."
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8 / 10
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