sábado, 12 de setembro de 2015

Everly (2014)

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Everly de Joe Lynch é uma longa-metragem norte-americana que tem a sua estreia em Portugal na secção Serviço de Quarto da nona edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa que decorre até amanhã - dia 13 - no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Everly (Salma Hayek) sai do wc do seu apartamento e mata os cinco homens que a torturaram e violaram. Recebe um telefonema de Taiko (Hiroyuki Watanabe) que lhe indica que irá receber de presente a cabeça do polícia com quem negociava.
Taiko deixa-lhe ainda um aviso... a sua cabeça está também ela a prémio, e Everly jamais conseguirá sair com vida do apartamento em que se encontra. Sem nada a perder, Everly encarrega-se de se defender de todos os perigos que a noite lhe apresenta... Será bem sucedida?
De regresso a um intenso filme de acção repleto de bons momentos de comédia e alguns que pertencem àquela categoria do macabro, Salma Hayek entrega o corpo e muita garra a este filme de humor negro que nunca sai de um único apartamento. Joe Lynch e Yale Hannon criam assim um argumento que é não só de acção e de alguma violência a um ritmo sempre constante como, ao mesmo tempo, nos entregam uma história que por se desenvolver sempre no mesmo espaço começa lentamente a revelar os seus sinais de claustrofobia.
Ainda que inicialmente tenso devido à forma como se inicia - uma sessão de tortura e violação às quais na prática nunca assistimos - Everly denota uma imediata tendência para a comédia que se acentua com as constantes assassinas mais ou menos mirabolantes que chegam para reclamar a grande recompensa prometida por "Taiko" pela morte de uma "Everly" com os seus próprios planos de sobrevivência. É esta missão que fica facilitada quando algumas das assassinas podem ser ludibriadas ou quando se atrapalham na sua sede de se suplantarem e conseguirem reclamar um prémio que parece estar cada vez mais difícil.
Num jogo de gato e do rato que se estende pelos pouco mais de noventa minutos desta longa-metragem, as situações sucedem-se a um ritmo frenético impossibilitando "Everly" de sair do seu apartamento ou proteger a sua mãe e filha agora ameaçadas pelo perigoso barão do crime que não admite a sua traição. No entanto, é quando "Everly" assiste ao vídeo da sua própria violação que reconhece um click mental que determinam a sua enorme vontade de viver... Será impossível ceder às mãos de um homem que a forçou e tentou retirar a sua dignidade, e a partir deste momento nem mesmo ele - para quem trabalhou e a quem se dedicou - estão imunes à sua sede de vingança... Pois é disto que afinal tudo se trata.
Com segmentos de intensa violência e acção non-stop, Everly é uma verdadeira lufada de ar fresco para a carreira de Salma Hayek que parecia estagnada há alguns anos - e não termina com este filme - e que a coloca ao melhor nível de tempos idos como em From Dusk Till Dawn (1996), Desperado (1995) ou, num registo diferente, Frida (2002). Num registo que junta mulher traída, mãe desconhecida, filha ausente e uma perigosa assassina, Hayek (pre)enche o ecrã com a mesma ligeireza e vivacidade de outros tempos em que se notabilizou provando - como se precisasse - que ainda está no jogo e que com o projecto certo - independentemente do estilo - está pronta a dar cartas e a mostrar o seu intenso carisma e presença na grande tela. De doce a violenta, de apaixonante a desesperada, Hayek é a alma desta filme que raramente abranda e que coloca no papel protagonista uma verdadeira mulher de armas fugindo ao tradicional anti-herói traído, personagem que é normalmente atribuído a um actor e raramente a uma actriz.
Não sendo o maior - ou melhor - registo de Hayek, Everly não deixa de ser, no entanto, uma interessante e bem sucedida aposta para a recuperação da sua carreira e um intenso thriller de acção que não se rende ou tão pouco nos dá descanso.
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7 / 10
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