sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Fugaces (2015)

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Fugaces de Roberto Pérez Toledo é uma curta-metragem espanhola de ficção elaborada aquando da semana do Orgulho Pride de Madrid e que nos dá a conhecer a história de dois jovens adultos. O primeiro (Fran Ropero) residente em Madrid que dá a indicações sobre a cidade a Luís (Álvaro Pérez Muñoz), vindo de Albacete para as referidas festas.
Numa cidade cheia de jovens turistas tanto da província como estrangeiros, há sempre algum de se destaca por entre a multidão. É com este pensamento que Roberto Pérez Toledo lança Fugaces, a sua mais recente curta-metragem onde mais uma vez estuda a dinâmica das relações humanas.
Depois de Rotos (2012), Al Final Todos Mueren (2013) ou Los Amigos Raros (2014), Pérez Toledo leva o espectador a mais uma das suas incursões sobre aquilo que nos une e nos separa reflectindo sobre as características individuais que podem aproximar as pessoas mas principalmente sobre todos os elementos que as podem separar. Em Fugaces a sua perspectiva leva o espectador a um encontro casual que durante alguns dias se transforma num romance - ou pelo menos naquele que poderia ser o seu projecto - e que funciona pela química demonstrada entre os dois protagonistas mas que, ao mesmo tempo, se anuncia findo desde o primeiro instante. Findo não pela distância que separa os ditos protagonistas - Madrid vs. Albacete - mas sim pela hipótese, pela circunstância e pelo imediatismo a que as relações modernas são ou estão "condenadas" sabendo que pode perder-se a pessoa com quem se está tendo sempre outro alguém por perto. No fundo Pérez Toledo preconiza sobre esta dimensão humana em que todos somos mais ou menos viciados em encontros fugazes e inconsequentes nos quais preenchemos as nossas necessidades afectivas e sexuais de momento não criando ou tendo qualquer tipo de ligação mais duradoura limitando- se apenas ao instantâneo, fácil e em certa medida descartável.
No final aquilo que fica implícito nesta história é que a possibilidade de uma relação duradoura e que consiga sobreviver às distâncias e eventuais adversidades é sempre preterida a favor daqueles de momento, de ocasião e que satisfazem apenas os apetites do instante ignorando a potencialidade de algo que seria necessário construir e fomentar.
Pérez Toledo que não me canso de referir de cada vez que estreia um dos seus novos filmes curtos é um dos novos nomes do cinema espanhol. Independentemente daquilo que a sua carreira venha a entregar ao espectador e mesmo que se separe desta linha condutora que tem apresentado até à data, a sua habilidade e capacidade de contar histórias com as quais o espectador se identifique ou reveja no principal da sua essência, certo é que o faz como aprumo e excelência conferindo credibilidade e veracidade a cada uma destas novas personagens que cria e às quais dá vida. Dito isto e como voto pessoal, espero que nunca se separe deste cinema de personagens, de histórias e de ligações que mesmo sendo interrompidas caracterizam não só as adversidades como todos aqueles elementos que compõem as relações humanas... duradouras ou não.
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7 / 10
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