terça-feira, 23 de setembro de 2014

Fucking Tøs (2013)

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Fucking Tøs de Kira Richards Hansen é uma curta-metragem dinamarquesa de ficção presente na secção competitiva de Curtas-Metragem do QueerLisboa - Festival Internacional de Cinema Queer a decorrer no Cinema São Jorge até ao próximo dia 27 de Setembro.
Alex (Rosalina Krøyer) é uma pré-adolescente cujos únicos amigos são rapazes com quem se diverte a beber, fumar e grafitar as paredes de locais abandonados. Quando um dos seus amigos lhe revela gostar da sua companhia e esperar mais dela, ao primeiro beijo sucede-se um conjunto de comportamentos de repúdio que irão testar a amizade de ambos.
É então que o espectador é confrontado com a possibilidade de Alex estar, ou não, preparada para a sua primeira abordagem à sexualidade...
O argumento da autoria de Signe Søby Bech remete-nos para a tal existência pré-adolescente onde quase fora de uma juventude inocente na qual as diversões são o único propósito de vida, os seus intervenientes vêem-se a braços com a descoberta da sua identidade sexual, do corpo e dos potenciais parceiros com os quais sentem uma maior proximidade. É então que a jovem "Alex" - numa forte interpretação mas ainda com muito por explorar de Krøyer - sente com algum repúdio a feminilidade do seu corpo e dos comportamentos que se esperam de uma jovem adolescente que se vê de certa forma forçada a gostar do rapaz que mais perto de si se encontra. É esta mesma pré-adolescência que é por si repudiada com comportamentos mais masculinos (ou pelo menos mais indiferentes) para com aquilo que deve sentir e particularmente para com as demais raparigas que já exibem as alterações físicas típicas da idade.
Auto-remetida para um contexto mais masculino, mais físico e rude, "Alex" é assim impelida a afastar aquele que é o seu mais próximo amigo como claro sinal de que a aparente e inevitável mudança não é desejada nem sequer admirada. Pelo contrário, ela entende que o estado dito normal é aquele que teve até então, despreocupada mas já não infantil onde a afirmação chega não pelo corpo ou sexo que tem mas sim pelos comportamentos de grupo que havia exibido até então.
Interessante pela abordagem diferente ao chamado "coming of age", Fucking Tøs deixa, ao mesmo tempo, a sensação de filme por cumprir onde claramente existe tanto por explorar mas que a certa altura ficou resolvido apenas explorar aquele interesse natural do espectador sem, no entanto, lhe permitir fica a conhecer toda a história que está para além do que foi mostrado. Ainda que não seja um aparente candidato ao prémio da referida competição Fucking Tøs não deixa de ser "aquele" projecto que deveria mais tarde transformar-se numa longa-metragem.
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7 / 10
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