sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Luz da Manhã (2011)

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Luz da Manhã de Cláudia Varejão foi a última curta-metragem que passou no primeiro dia da competição nacional do Córtex - Festival de Curtas-Metragens de Sintra no Centro Cultural Olga de Cadaval, e que conta com duas actrizes bem conhecidas do público nacional como são Beatriz Batarda e Elisa Lisboa.
Nesta curta temos uma filha (Batarda) que vive com uma mãe (Lisboa) com alguns problemas de memória. A filha trata dela, das pequenas tarefas domésticas e pessoais diárias que a mãe vai aos poucos esquecendo, ou das quais perde vontade de concretizar, ao mesmo que trata da sua ainda muito jovem filha em crescimento.
Existe uma enorme incomunicabilidade entre avó, mãe e neta. As três mulheres, de três distintas gerações, representam o passado, o presente e o futuro de uma família que lida entre si mesma e que, em muitas circunstâncias, (já) não se compreende mas que pela cada vez maior dificuldade com que o passado e o futuro se relacionam, o presente tem de lá estar para consolidar ambos os "tempos".
O único local onde as três gerações se encontram, e onde de certa forma comunicam os seus silêncios, é no rio. O rio onde todas partilham um pequeno prazer que lhes garante o ânimo para continuarem um dia mais e assim perceberem que podem enfrentar as crescentes dificuldades que se lhes apresentam. Uma por já ter esquecido (o passado), outra por ter de cuidar (o presente) e a última por não ter ainda o conhecimento suficiente (o futuro).
Batarda e Lisboa dominam o ecrã. Através dos seus silêncios e expressividade transmitem um turbilhão de sentimentos que não sendo verbalizados conseguem ser sentidos. Desde o desespero à angústia, ambas provocadas por uma incapacidade de expressar (e sentir) uma liberdade, aquelas duas mulheres sabem que dependem de uma outra forma, de si próprias. A mais velha por esquecer os pequenos afazeres que seriam quotidianos e habituais, e a mais nova por os realizar e se tornar esse o seu desígnio de vida. Ambas sabem que na falta de uma a outra estará perdida. E é por esta convivência constante e de perto que os seus pequenos atritos e problemas surgem como uma prática diária recorrente.
Interessante trabalho e uma pena que não seja um filme de maior duração para poder existir um ainda maior aprofundamento das respectivas personagens e principalmente daquilo que as levou a encontrarem-se, tão de perto, neste período das suas "vidas".
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6 / 10
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