quinta-feira, 21 de julho de 2011

Uncle Buck (1989)

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O Meu Tio Solteiro de John Hughes é uma das melhores e mais bem conseguidas comédias (com algum drama à mistura) desse grande actor John Candy.
Buck (Candy) é um homem de meia idade que não pretende ter qualquer tipo de responsabilidades ou compromissos e como tal vive uma vida àparte de tudo e todos. Mantém uma relação que não ata nem desata com Chanice (Amy Madigan) e está afastado da sua família à tempo suficiente para já nem sem lembrar dos seus sobrinhos.
Um dia por força das circunstâncias vê-se a tomar conta dos seus três sobrinhos naquela que será possivelmente a sua maior e mais difícil aventura que o levará não só a conhecer-se como a eles e as vantagens de assumir de vez uma relação e constituir a sua própria família.
Tudo isto, como é óbvio, ao mesmo tempo que decorrem todo o tipo de aventuras imagináveis dentro de uma nada pacata vivenda de subúrbios onde tudo irá ganhar um novo rumo.
John Hughes esse grande realizador que soube filmar come ninguém estas comédias ligeiras sobre uns quantos inadaptados, fossem eles geracionais, na sociedade, na convivência ou até mesmo dentro da própria família, dá aqui a John Candy aquele que é para mim a sua maior interpretação no cinema (talvez a par de Eu, Tu e a Mamã).
Candy que se destacou quase exclusivamente à comédia, alguma da qual não da melhor qualidade, tem aqui aquela interpretação que sendo maioritariamente cómica consegue ter bastantes momentos reflexivos embrenhados numa tão grande Humanidade que acabam por ter a sua grande dose de drama. Todos nós sem excepção pensamos no porquê de não termos um tio assim pois seria ele possivelmente a única pessoa que nos conseguiria compreender. Todos os nossos problemas... deles sabe, deles percebe, a eles compreende.
E aquilo que Candy consegue com este filme acaba por ser igualmente agradável no que diz respeito ao seu trabalho com as demais personagens. Não há uma com quem ele não consiga estabelecer um qualquer tipo de relacionamento. Seja de ódio, indiferença, paixão, amizade, compaixão ou desdém, todas elas, sem excepção, estabelecem uma proximidade indiscutível com ele.
E é principalmente com as personagens femininas com quem ele estabelece essas relações mais vincadas. Seja com Chanice (Madigan) com quem vive uma relação de amor/ódio (mais marcante na primeira), quer seja com Tia (Jean Louisa Kelly) onde o ódio é forte durante praticamente todo o filme, com Marcie (Laurie Metcalf) onde é feito o momento de dança mais sensual do filme ou com a implacável directora da escola com quem vive momentos de puro desdém em defesa da honra da sua sobrinha (Gaby Hoffmann).
Quer seja verdade ou não (no meu imaginário quero crer que sim), é extraordinária a química que existe entre ele e todos os actores deste filme sejam eles mais ou menos experientes e acaba por ser inquestionável a extrema dedicação que sentimos da sua parte para a sua personagem e claro está para que este filme resulte como aquele que para mim, e acredito que muitos outros, o fará para sempre ser recordado.
Muitos são os momentos bons desta simpática e inteligente comédia e como tal não irei destacar nenhum em especial deixando no entanto a chamada de atenção para aqueles que nunca assistiram o fazerem pois é daqueles comédias que apesar dos anos que tem não irá estar desactualizada. As mensagens que tem no seu excelente argumento, também da autoria de Hughes, são importantes demais e nunca ficam ultrapassadas, tornando-o numa das comédias mais sentimentais e bem dispostas dos últimos largos anos.
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"Buck: How would you like to spend the next several nights wondering if your crazy, out-of-work, bum uncle will shave your head while you sleep? See you in the car."
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9 / 10
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