quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mona Lisa (1986)

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Mona Lisa de Neil Jordan foi o filme que valeu a única nomeação ao Oscar de Melhor Actor a Bob Hoskins bem como a Palma de Ouro em Cannes, o BAFTA e o Globo de Ouro Drama bem como um sem fim de prémios na mesma categoria.
Com este curriculum e considerando que é uma obra de Neil Jordan, escusado será de dizer que é o tipo de filme que desperta o interesse a qualquer um e, como tal, assim que o vi à venda a um preço mais do que acessível lá lhe deitei a mão.
George (Hoskins) depois de sair da prisão procura um novo trabalho e, o único que consegue, leva-o de novo para o submundo do crime onde já não tem a mesma importância que tinha antes da sua detenção. Passa então a ser motorista e protector de Simone (Cathy Tyson), uma misteriosa mulher que conduz para variados hóteis onde esta satisfaz as mais diversas perversões alheias.
É então que um dia Simone pede a George que encontre uma sua antiga parceira e amiga e por quem, vimos mais tarde perceber, ter uma paixão secreta e por quem está disposta a fazer de tudo.
Enquanto tenta encontrar a amiga de Simone, George restabelece ainda a ligação perdida com a sua filha adolescente e com alguns poucos amigos que lhe sobraram da sua antiga vida marginal. Aquilo que não esperava era desenvolver por Simone algo mais do que uma simples amizade.
O veredicto depois de ver este filme é que foi fogo de vista a mais para a história que me foi apresentada.  De toda a extensa filmografia de Neil Jordan este é provavelmente o filme que me deixou pouco convencido (se é que algo).
As histórias, maioritariamente marginais, que o cinema de Jordan nos tem dado ao longo dos últimos anos faz-nos desejar sempre um pouco mais tanto a nível das interpretações dos actores como, especialmente, dos argumentos que eles representam e dão vida. Aqui falta-nos algo. Não esperamos finais felizes, pelo menos não de uma forma absoluta, mas o rápido desenvolvimento e conclusão da história consegue ser insuficiente para aquilo que dela esperamos.
Hoskins dentro daquilo que o filme é, não desilude. A sua interpretação de um homem desiludido com a vida, com as pessoas e com o seu possível futuro que procura apenas o apoio e o amor de alguém com quem partilha as suas noites é, de facto, bom. Bom, mas não brilhante. Hoskins convence mas não identifico este desempenho que tantos troféus lhe deu, como sendo aquele pelo qual irá ser recordado. Longe disso. Competente é. Convincente no entanto não chega a ser.
Um dos factores mais interessantes deste filme é a dualidade entre dois mundos perfeitamente distintos mas que, pela força das circunstâncias acabam por estar intimamente ligados. O submundo do crime, da droga e da prostituição onde vale tudo e onde cada um faz por si próprio tendo como seu total oposto o mundo da opulência, do luxo e dos hóteis de elevado gabarito. Aqui a junção destes dois mundo tão distintos entre si está perfeita ao ponto de nós enquanto espectadores estarmos em determinadas ocasiões totalmente alheados de como saltitamos entre um e outro quase sem percebermos.
Vale a pena ver como fruta da sua época, do seu tempo e especialmente por ser do realizador que é e interpretado pelo actor que muitos de nós passámos a admirar desde os tempos de Roger Rabbit. De resto é um filme que acaba por se tornar perfeitamente dispensável.
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5 / 10
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