domingo, 31 de outubro de 2010

The Reaping (2007)

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As Pragas de Stephen Hopkins é um simpático filme de suspense que junta uma Hilary Swank ao renascer das antigas pragas bíblicas nos nossos dias naquela que é a sua mais recente incursão no género.
Centrada em desmascarar supostas lendas e acontecimentos bíblicos que se sucedem nos nossos dias, Katherine (Swank), uma professora universitária, é convidada a visitar a cidade de Haven para descobrir e expôr aquilo que parece assolar a pequena e pacata cidade do interior que, segundo os locais, será provocado por Loren (AnnaSophia Robb), uma criança acusada de possessão demoníaca que todos pretendem combater liderados por Doug (David Morrisey), o padre local.
The Reaping é o sempre "bem-vindo" filme que confronta a crença e a fé bíblica frente aos conhecimentos científicos da actualidade expondo situações que se assemelham às "tradicionais" pragas do antigo Egipto com (ou sem) explicações lógica normalmente relacionadas com alterações climatéricas que, há altura, não seriam explicáveis. No entanto, aquilo com que o espectador aqui se vê confrontado cruza, muito de perto, estes fenómenos com uma população profundamente crente e um conflito religioso com que "Katherine" se debate depois da morte da sua própria família. Quando a fé e tudo aquilo que julgava como certo é colocado à sua frente e desafiado por acontecimentos que transgridem a fronteira do que é real, poderá ela voltar a acreditar que Deus e o Diabo, Céu e o Inferno existem realmente?
Na realidade aquilo que The Reaping pergunta na sua essência é se todos os acontecimentos podem ser explicados de facto, ou seja, até que ponto dentro da "nossa" era científica poderia a mesma explicar tudo aquilo que acontece não deixando uma réstia de dúvida que, em boa fé, o Homem não entregue para a explicação teológica? Neste mesmo raciocínio, se tudo carece de explicação e se esta pode ser encontrada junto da ciência... como explica o Homem aquilo que é inexplicável? A quem recorre quando tudo o demais "falha"? Onde procura as suas respostas? Em que lugar fica colocada a fé ou, melhor ainda, em que lugar ficam aqueles que já não têm fé? O que resta para lá daqueles que, em momento de crise, já não têm crença nenhuma no religioso a quem recorrer? Quando uns em crise dizer "ajuda-me Deus".... o que dirão aqueles que nele já não acreditam?!
No entanto, se The Reaping parece querer levantar estas questões e até levar o espectador para o tal "outro lado" da barricada, certo é que se perde num lado profano pouco dinamizado ou credível na medida em que a partir da chegada da "Katherine" de Hillary Swank à Haven, tudo parece forçado demais para que o espectador não perceba de imediato que ali... algo não corre assim tão perfeito como se quer fazer crer. E se a premissa de base que recorre às profecias e pragas bíblicas funcione no que diz respeito a cativar o espectador a chegar a este filme, é também certo que a falta de coerência e previsibilidade dos acontecimentos o fazem pensar que está perante uma daquelas histórias cujo único objectivo não foi criar a dúvida mas sim alguns dólares extra na bilheteira que, certamente, iria estar cheia pelos nomes de Swank, Elba ou Morrissey.
Swank dá o seu melhor, aliás foi graças a ela que olhei para este filme e senti algum interesse em dar-lhe uma hipótese. Depois de The Gift (2000), de Sam Raimi onde dá um ar de sua graça ao género de suspense/terror, The Reaping prometia ser o filme onde a actriz confirmava enquanto protagonista a sua veia para o estilo mas, no entanto, por muito que se esforce e tente ser credível, Swank limita-se a ir na "corrente" e dançar ao sabor da maré sem conseguir dramatizar a sua interpretação ou tão pouco provocar o tal receio do ambiente hostil em que se encontra direccionando o espectador para um enredo mas, com o tempo, revelando que afinal nada é tão normalizado como aparenta ser. E se The Reaping até é um daqueles filmes que se vê com alguma facilidade não levando o espectador a pensar muito sobre aquilo que vê, este acaba também por ser um dos seus principais "defeitos", ou seja, dada a temática... não esperaríamos ver algumas das nossas crenças também desafiadas?
Dito isto... o que resta de The Reaping? Alguma coordenação na recriação das ditas pragas. Os segmentos em que as mesmas ganham "vida" são dinâmicas e desafiam a uma explicação para lá dos "fenómenos meteorológicos" mas, quando pouco concentradas nesses momentos querendo forçosamente levar o espectador para uma linha narrativa já delineada - eliminando portanto a sugestão -, esta longa-metragem cai nesse que é o erro mais comum do género... querer tudo explicar e aparentar "ser lógico"...
Este The Reaping não será, portanto, um filme de relevância maior. Mesmo considerando o leque de actores já mencionados aos quais se acresce um sub-aproveitado Stephen Rea como o improvável lado bom da fé, a longa-metragem de Stephen Hopkins perde-se nos lugares comuns do género, no revelar demasiado cedo o que esconde a simpática cidade de Haven e no facto de nem todos os bons - ou maus - o serem realmente. O argumento, já trabalho inúmeras vezes em tantos outros filmes do género e, segundo a minha opinião, muito melhor conseguido em The Seventh Sign (1988), de Carl Schultz, acaba por também ele perder-se nos lugares comuns em que tantos filmes caem revelando muito cedo quais os intuitos das diversas personagens e expondo a protagonista a um suplício sem fim dos seus próprios traumas... O espectador percebe que "Katherine" tem um passado traumático que a leva a colocar em causa todas as suas convicções... não precisa de a cada cinco minutos ser lembrado do mesmo...
No final, o que sobre a The Reaping? Algum entretenimento, alguma promessa de algo consistente (que depois se desmistifica) e a garantia de pouco mais de hora e meia de alguma descontracção por ser um daqueles filmes que distanciando-se da referência no género não deixa, ainda assim, de conferir um agradável momento cinematográfico. Não levamos daqui o filme da nossa vida mas também não saímos defraudados com aquilo que nos foi apresentado pelo realizador.
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5 / 10
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sábado, 30 de outubro de 2010

Marie and Bruce (2004)

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Um Casal Surreal de Tom Cairns com Julianne Moore e Matthew Broderick é possivelmente o pior filme que alguma vez vi com a participação destes actores.
Neste filme acompanhamos a história de um casal, Marie e Bruce (Moore e Broderick) em que a mulher se encontra à beira de uma depressão e em que a simples presença do marido a enjoa e deixa com mal-estar. A partir daqui temos um sem número de diálogos que o expressam... mais ou menos bem. De resto o filme centra-se essencialmente ora nas experiências que um e outro têm durante um dia.
Tendo visto este filme apercebo-me agora que não é foi preciso muito tempo para perceber que era um filme que me iria aborrecer profundamente, e digo isto por vários motivos.
O primeiro deles é ao ver o cartaz do filme vejo lá algo que me atrai imediatamente... Julianne Moore. Claro que um nome com uma potência destas leva qualquer pessoas de bom senso a ir vê-lo mas, em poucos minutos de filme, percebe-se que este é possivelmente o pior filme de uma carreira brilhante e com escolhas ponderadas que esta mulher teve.
Aquilo então a que assisto é uma Julianne Moore em fase de "depressão" mas sem qualquer tipo de "brilho" como tinha noutros filmes como As Horas ou Magnolia. Temos mais uma fase irritante e absurda que me leva a pensar "mas afinal no que é que esta mulher pensou para aceitar fazer isto?". Má, muito má prestação desta que é possivelmente uma das melhores actrizes da actualidade.
Depois o argumento... desgastado, sem "fogo" ou energia, que mais não é do que mostrar um quotidiano absurdo e sem nexo de um casal que não se suporta e que passa a vida a chamarem "amor", "querido" e "querida" numa palhaçada sem qualquer sentido, no final de cada frase que profere. Sejamos honestos, há um limite de paciência para aturar isto. O que é demais realmente enjoa.
Ao ver este filme aborreci-me. E não pela falta de qualidade que é notória do princípio ao fim, mas sim pela irritabilidade que o mesmo me causou. Não tem piada, não consegue ser dramático, não consegue manter uma história que cative o espectador e o pior é que utiliza uma excelente actriz e um actor mediano quase em fase decadente (lamento aos fãs mas é assim que vejo hoje em dia Matthew Broderick) e atira-os para um poço de onde não conseguem escapar.
Um filme pobre... aliás MAU, que não se safa por lado nenhum e que mais não é do que um puro desgaste de 80 minutos de qualquer ser humano que aprecie ver um bom filme e que aqui jamais o irá encontrar.
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"Marie: You eat shit Bruce..."
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1 / 10
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

XVII Caminhos do Cinema Português

Foram ontem anunciados as longa-metragens seleccionadas para a edição deste ano dos Caminhos do Cinema Português que se realizam todos os anos em Coimbra.
Asssim entre os vários nomeados nas diversas categorias, na de longas-metragens as nomeadas a melhor filme do ano são:
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Como Desenhar um Círculo Perfeito, de Marco Martins
Duas Mulheres, de João Mário Grilo
Efeitos Secundários, de Paulo Rebelo
Embargo, de António Ferreira
Marginais, de Hugo Diogo
O Inimigo Sem Rosto, de José Farinha
O Último Voo do Flamingo, de João Ribeiro
Um Funeral à Chuva, de Telmo Martins
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Windtalkers (2002)

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Códigos de Guerra de John Woo é um drama passado em tempo de guerra com a participação de Nicolas Cage no principal papel e ainda Adam Beach, Christian Slater, Peter Stormare, Mark Ruffalo, Noah Emmerich, Brian Van Holt, Frances O'Connor e Martin Henderson.
Joe Enders (Cage) é um sargento que sobrevive a um forte ataque sobre o seu pelotão no decurso da Segunda Guerra Mundial no Pacífico e que insiste em voltar ao campo de batalha. Devido à sua experiência e ao avanço interminável das tropas nipónicas, Enders é encarregado de ser um protector de Ben Yahzee (Beach) um índio que, através da sua língua Navajo e de um código inventado para ela, conseguem dominar o avanço das tropas japoneses.
Em campo de batalha a acção é interminável e o duelo entre o que foi contratado para fazer, matar Ben em caso de ser capturado, e aquilo que a sua moral manda, proteger aquele estranho que aos poucos se torna seu amigo, são os dois pontos fortes pelos quais a consciência de Enders vai ter realmente de batalhar. Tudo isto ao mesmo tempo em que se depara com os seus próprios fantasmas por ter sido o único sobrevivente entre todo o seu pelotão vão, durante o filme, limitar a dualidade constante e crescente em que se sente Enders.
Repleto de interessantes sequências de acção é um filme de guerra feito, na sua globalidade, de forma coerente mas ao mesmo tempo apressada onde parece que se tem de contar quase tudo ao mesmo tempo, algo que não é vulgar neste género de filmes onde se tenta de uma forma calma contar uma história.
As interpretações, que apesar de não serem de topo também não estão más, dão a Nicolas Cage um dos melhores papéis dos últimos tempos onde, de facto, voltamos a ver aquilo a que ele nos habituou e que misteriosamente perdeu na maioria dos trabalhos que tem vindo a fazer... o seu talento.
Consistente e coerente, apesar de não ser uma história maior do cinema ou do género, e que mostra uma parte da História da Segunda Guerra Mundial que está até hoje ainda pouco retratada e que é sempre bom de saber e perceber, este filme tem nas suas variadas sequências de acção o seu ponto forte, tornando-o assim num emocionante filme.
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7 / 10
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dead Calm (1989)

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Calma de Morte de Phillip Noyce é um (in)tenso drama com a participação de Sam Neill, Nicole Kidman e Billy Zane passado em alto mar.
Temos um casal, Rae e John (Kidman e Neill) que para revitalizarem a sua relação e viverem em descanso durante uma temporada decidem fazer uma viagem no seu barco pelo Pacífico. Durante esta viagem deparam-se com Hughie (Zane) que sai de um barco e que se faz convidado no barco do casal. Pouco tempo depois revela a sua verdadeira personalidade, e enquanto John investiga o barco de onde Hughie veio, este abandona-o em alto mar, sendo que é assim que nós descobrimos que Rae tem a bordo um verdadeiro psicopata.
As interpretações são de mestre. Qualquer um dos actores evoca muito naturalmente o espírito que cada uma das personagens deve realmente ter. Zane é brilhante como psicopata. Consegue ser assustador e depois de olharmos para aqueles olhos que mais parecem encarnar algum espírito não muito positivo, esperamos quase tudo com que ele nos possa surpreender.
Neill como o marido que tenta tudo por tudo para sobreviver em alto mar após ter sido abandonado à sua sorte mostra-nos o que é verdadeiramente o rosto do desespero sem, contudo, ter esse sentimento expresso no seu rosto. Sentimos apenas pelas suas acções quase vãs de sobrevivência que ele próprio percebe que pode estar realmente nos últimos momentos da sua vida. Finalmente Kidman, como a refém numa enorme prisão que tenta por tudo sobreviver e regressar atrás para salvar o seu marido detido com um estranho psicopata, mostra-nos o quão longe podem ir as pessoas para tentar (sobre)viver independentemente das dificuldades ou obstáculos com que deparam.
Mais atrás disse "finalmente"... Finalmente não, pois esquecemos o pequeno cão do casal que inicialmente consegue provocar-nos a maior das simpatias mais através de um ou outro momento consegue provocar-nos alguma "fricção"... mas não deixa de ser um dos poucos momentos menos tensos de todo o filme.
Um outro ponto alto deste filme é mesmo a sensação de claustrofobia que consegue provocar-nos, independentemente de "estarmos" num espaço aberto e enorme mas que, por não nos permitir avançar para muitos locais começamos a sentir quase uma sensação de sufoco por nos encontrarmos ali. É quase a sensação de prisão a céu aberto.  Não estamos detidos mas ao mesmo tempo também não podemos sair do espaço onde nos encontramos. Este é sem dúvida um ponto forte do argumento e claro, do filme. Sentimos a todo o momento não só a tensão criada pela sensação de perigo que aquela "pessoa" provoca a outras, como também a própria tensão por estarem num espaço de onde ninguém pode fugir. Estão todos ali sem qualquer hipótese de fuga do inimigo.
Este aspecto define muito do que é o filme. Muito na medida em que esta sensação contribui de uma forma muito próxima para a de tensão sempre crescente que temos durante toda a duração do mesmo. Sentimo-nos quase "desconfortáveis" por nos encontrarmos num ambiente tão "fechado" e de onde percebemos não conseguir escapar.
O mesmo sucede com a banda-sonora da autoria de Tim O'Connor e Graeme Revell que apenas acrescenta mais tensão, e consequentemente nervosismo, a uma história e acção que são por si só já constrangedoras.
Como nota pessoal, é igualmente curioso ver um dos primeiros grandes filmes que Nicole Kidman fez, e de notar que já se sentia algo que a iria tornar grande e detendora de participações em filmes igualmente grandes.
Intenso e poderoso drama de acção e claustrofóbico que nos revela que quando chega um filme vindo da Austrália, também é de ter em atenção e descobrir o que daqueles terras vem.
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7 / 10
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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Child's Play (1988)

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Chucky - O Boneco Diabólico de Tom Holland é um muito bem conseguido clássico de terror. E digo clássico com toda a segurança que o afirmo sabendo que este filme tem um conjunto enorme de seguidores por toda a parte.
Com as participações de Chris Sarandon, Catherine Hicks, Alex Vincent e Brad Dourif no papel (e depois voz) de Chucky, este filme é pura adrenalidade de suspense e expectativa do princípio até ao minuto final.
O detective Mike Norris (Sarandon) está envolvido na perseguição e potencial morte do estrangulador Charles Lee Ray (Dourif), e após segui-lo até uma loja de brinquedos e um severo tiroteio Lee Ray "morre".
Dias depois, no lado oposto da cidade, Karen (Hicks) compra para Andy (Vincent) o boneco sensação do momento... um "Good Guy" chamado Chucky (voz de Dourif) como presente de aniversário. Aquilo que vimos a "descobrir" depois, é que antes de morrer Lee Ray passou a sua alma para o boneco que é agora um perigoso, e medonho, psicopata assassino que tudo fará para eliminar os seus inimigos e... apoderar-se da alma do jovem Andy.
Isto em termos muito básicos é a história deste filme que fez sensação no final da década de 80 quando estreou e que originou igualmente uma vasta "carreira" de sequelas, adaptações e inovações desde então. Já tivemos as duas sequelas... a noiva dele e claro, não poderia faltar a própria "semente". Já se fala numa revitalização da própria saga e se pensarmos como as coisas correm hoje em dia, é quase certa que será feita (e lá estarei para ver).
O filme era, e ainda é, assustador. Nós todos vibrávamos quando viamos aquela figura que, neste primeiro filme teve uma participação menor do que nos seguintes, mas que ao mesmo tempo é possivelmente a mais assustadora de todas elas, considerando que ainda lidávamos com o inesperado.
No entanto, quando o maléfico Chucky nos brindava com a sua aparição é certo e sabido que o boneco de facto assustava. Quando estava no seu "estado" normal, tem uma aparência dócil... o típico boneco para os miúdos... mas quando se transforma, o boneco é realmente assustador. Não só pela transformação que lhe fazem à "cara", mas também pelos olhos que lhe irradiam algo demoníaco (note-se que estou a falar de um boneco).
A história pode não ser nova, mas o suspense que este filme transmite é francamente forte e deixa-nos agarrados ao sofá do primeiro ao último minuto. O Chucky deixava-nos a todos num perfeito estado de tensão, e mais ainda quando começava com aqueles estridentes berros que eram de gelar os ossos (sim, sou muito susceptível a este tipo de filmes, mas estupidamente não consigo deixar de vê-los... é mais forte do que eu...).
Brilhante filme de suspense/terror que não deixa ninguém indiferente, e é mesmo destes que precisamos para revitalizar um género que normalmente só nos entrega o suspense aliado a muita comédia de segunda categoria. Long live Chucky!
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"Chucky: Hi, I'm Chucky. Wanna play?"
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8 / 10
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

An Education (2009)

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Uma Outra Educação de Lone Scherfig é um excelente e simpático drama nomeado para três Oscars em 2010 nomeadamente Filme, Actriz e Argumento Adaptado que conta com a participação de um excelente leque de actores entre os quais se destacam Carey Mulligan (nomeada ao Oscar de Melhor Actriz), Alfred Molina, Rosamund Pike, Olivia Williams, Emma Thompson, Dominic Cooper e Peter Sarsgaard.
O filme reflete sobre uma conservadora família suburbana de Londres e, em particular, sobre a descoberta de como a vida pode ser vivida por parte da filha do casal, magnificamente interpretada por Carey Mulligan que aqui recebeu o BAFTA de Melhor Actriz do ano.
Jenny (Mulligan) encontra-se com David (Sarsgaard), um homem com o dobro da sua idade, e que através do seu charme lhe mostra o quão diferente e interessante pode ser a vida para além dos estudos e dos objectivos que já haviam sido previamente definidos.
David mostra a Jenny uma vida de glamour, aventura, emoção e de experiências novas que, para uma jovem de 16 anos numa Londres dos anos 60 em que se viviam as grandes revoluções sociais e culturais eram, obrigatoriamente, apelativas.
No entanto, com o tempo, percebemos que David e o seu estilo de vida algo "inovador" não são assim tão moralmente correctos ou lícitos e começamos a questionar o verdadeiro intuito dos seus objectivos para com Jenny.
Este filme que tem vários pontos fortes, tem num dos mais importantes o seu excelente elenco. O grupo de actores que o compõe, vá dos principais aos mais secundários, é sem qualquer margem para dúvidas, fenomenal. Todos eles, sem excepção, consegue cativar-nos e mostrar-nos vários feitios e comportamentos distintos entre si.
Carey Mulligan, a jovem Jenny e uma das grandes revelações do ano, tem aqui o papel forte e determinante de todo o filme. A sua composição mostra-nos uma jovem sensível mas ao mesmo tempo curiosa e determinada que pretende saber mais e melhor sobre o mundo que a rodeia. Confirmar o que conhece e conhecer novos locais, novas pessoas e novos ambientes e estilos de vida.
A dar vida ao seu parceiro de aventuras temos David (Peter Sarsgaard) que para seduzi Jenny mostra-lhe o mundo que ela realmente quer conhecer. O mundo das festas, das viagens, dos conhecimentos e da folia. Um mundo diferente daquele que ela conhecera até então.
Como secundários temos actores de peso como é o caso de Alfred Molina que interpreta o conservador pai de Jenny que apenas a quer ver ou a estudar numa Universidade importante ou então casada com um marido que trate dela. Temos Emma Thompson no papel da directora do colégio onde Jenny se encontra, igualmente conservador, e que apenas quer preparar as jovens estudantes para uma vida igualmente conservadora em que todos os prazeres da vida devem ser reprimidos. No papel da professora compreensiva e que dá bons conselhos temos Olivia Williams. Não só tenta aconselhar os melhores caminhos como, na altura de escolher o pior, está lá para amparar e tentar guiar e orientar.
Em termos de elenco o filme está no seu melhor. Todos os actores, dos mais aos menos conhecidos, completam-se de uma forma harmoniosa e dão vida a um magnífico argumento da autoria de Nick Hornby que foi igualmente nomeado a Oscar de Argumento Adaptado.
Argumento este baseado nas memórias de Lynn Barber que nos dão a conhecer o importante período que é a passagem da adolescência para a idade adulta. Uma altura em que todos nós pretendemos conhecer o máximo possível do mundo. Viajar. Ver. Experimentar. Conhecer. Saber o que é que está para além daquilo que nos mostram os livros ou o conhecimento já experimentado e vivido pelos outros.
É exactamente isto que Jenny pretende. Conhecer. Ver. Experimentar. Saber o que é que existe para além dos livros que lê e que existe para além das quatro paredes da sua casa ou do seu colégio, que apenas lhe apresentam aquilo que é dito como "socialmente aceitável".
Jenny quer viver. Não depender de ninguém a não ser de si. Não se anular nem como ser humano nem como mulher. Bem pelo contrário, quer afirmar-se e dizer que não precisa de depender de ninguém para poder vencer e ser alguém na vida mesmo com os erros que poderá ter de cometer para seguir esse caminho e atingir os seus objectivos.
Magnífico filme que, assumo, constituiu uma enorme surpresa para mim mas que, levado pela enorme curiosidade que tinha a seu respeito, mostrou ser um dos melhores e mais sentidos filmes que vi ultimamente, e que sem sombra de dúvidas, merece ser visto, apreciado e admirado.
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"Jenny: If you never do anything, you never become anyone."
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9 / 10
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domingo, 24 de outubro de 2010

Green Zone (2010)

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Green Zone - Combate pela Verdade de Paul Greengrass é um intenso filme de acção com Matt Damon no principal papel e que se centra nos acontecimentos que sucederam a invasão americana ao Iraque em 2003.
A história inicia-se por volta de 2003, altura em que as tropas norte-americanas já se encontram no Iraque à procura das tão faladas armas de destruíção massiva. O problema está, claro, que elas nunca iriam aparecer.
Miller (Damon), o responsável por uma equipa que procura as ditas armas, começa a achar estranho nunca encontrar nenhuma após estar em tantos locais indicados pelos serviços de informação secreta. É aqui que começa a questionar a veracidade destas informações e da fonte que as fornece.
É aqui que começa uma intensa perseguição pelas ruas de uma Bagdad semi (ou totalmente) destruída, em que americanos perseguem iraquianos... iraquianos perseguem iraquianos... e americanos perseguem americanos. Sim... temos realmente de tudo. Tudo para salvaguardar aquela que já é considerada uma das grandes "mentiras" desta invasão ao Iraque.
Damon que se encontra novamente em parceria com Greengrass para mais um filme em que mostra os seus dotes de novo "herói" do cinema de acção, tem aqui um interessante papel como militar que questiona as ordens que recebe e que, como tal, resolve tentar realmente descobrir qual a veracidade de todas as informações que lhe são passadas bem como a fonte das mesmas.
Os restantes papéis são secundários demais para merecem algum tipo de destaque, mesmo as de Greg Kinnear ou Brendan Gleeson. No entanto, há que destacar entre os secundários, a prestação de Khalid Abdalla que, apesar de um papel menor, acaba por ser um dos mais marcantes e com alguma razão de existir no filme. Tem motivos para estar lá, se bem que quase sempre "escondido" das atenções do filme, e acaba por ser ele que dá o devido desfecho mais ou menos dramático para um filme que se quer de acção. Este actor britânico já tinha dado mais que muitas provas do seu talento no filme O Menino de Cabul, e aqui confirma-o sem qualquer sombra para dúvidas.
Pessoalmente acho que ainda há muito por explorar nesta nova guerra que ainda tem muito para "dizer". Ao mesmo tempo é claro que estes filmes começam agora a surgir e da ros seus primeiros passos. A muitos mais iremos assistir até que tudo (?) fique dito. No entanto, à semelhança de outras guerras que começaram a ter "direitos" cinematográficos, há que perceber que esta começa a tê-los muito pouco tempo depois de ter começado e ainda sem ter visto um final.
Histórias estas que têm ainda muito para dizer. Muito por questionar. E especialmente muito por perceber. Se o iremos conseguir ou não, isso é outra história.
Quanto a este filme, pode-se seguramente afirmar que já levanta algumas questões que gostaríamos de ver respondidas. Não será para agora é um facto, mas em certa medida confirmam muito daquilo que nós todos, mais ou menos atentos aos noticiários, pensávamos e suspeitávamos. Se a isto adicionarmos que se trata de um intenso e bem construído filme de acção, então temos puro entretenimento, e construtivo claro, durante duas horas que nos conseguem prender ao ecrã a 100%.
Temos a trama política, o drama (algum), bons desempenhos, momentos muito intensos de perseguição e de acção que o tornam num muito bom filme do género, ou não fosse filme de quem é. Paul Greengrass voltou a conseguir firmar-se.
Para os apreciadores do género que não pensam que vamos ter apenas um conjunto de tiros, murros e pontapés, este filme é em indicado. Quanto a prémios, podemos esperar vê-lo nas categorias técnicas da próxima edição de Oscars, nomeadamente nos Efeitos Especiais Visuais e Sonoros e possivelmente Fotografia. De esperar até próximo Fevereiro.
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8 / 10
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sábado, 23 de outubro de 2010

3:10 to Yuma (2007)

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O Comboio das 3e10 de James Mangold é um moderno western que conta com Russell Crowe e Christian Bale nos principais papéis.
Bale interpreta o papel de Dan Evans, um agricultor em dificuldades financeiras e que sofre às mãos do empresário do sítio que, devido a uma acção de represália deste, se vê sem o seu gado. Quando o vai procurar com os seus dois filhos menores depara-se com o grupo de assaltantes de Ben Wade (Russell Crowe) a quem, mais tarde, irá acompanhar ao comboio que o levará para a prisão pelos seus inúmeros actos criminosos.
Dito isto assim de forma tão simples e crua parece que estamos perante um filme banal e desinteressante, no entanto, nada de enganos. O Comboio das 3e10 é um interessante e emocionante western sob contornos dramáticos e de acção que nos prende ao ecrã desde o primeiro minuto.
Para isto muito contribuiu o magnífico argumento da autoria de Michael Brandt, Derek Haas e Halsted Wellws, que transporta e dá vida ao conto de Elmore Leonard no cinema. E não é uma vida qualquer. Ela é intensa e cheia de vivacidade.
Temos aqui uma mescla de estilos que talvez seja um dos segredos que tornou este filme tão desejado e aclamado ao ponto de ser em 2008 um dos favoritos aos Oscars tendo, no entanto, só alcançado duas nomeações nas categorias de Banda-Sonora e Som. Temos então um intenso western, um género que há muito estava adormecido, tendo apenas reanimado com alguma confiança com Imperdoável de Clint Eastwood, temos também uma forte história de acção, e de certa forma um drama histórico ao serem abordados com alguma ligeireza acontecimentos que moldaram a História norte-americana do período da Guerra Civil e suas consequências.
É impensável falar neste filme sem falar nas magníficas interpretações que dele fazem parte. De Russell Crowe e de Christian Bale já é quase impossível fazer elogios pois tudo sobre eles já foi dito. De Bale só há a dizer que está irrepreensível e que o papel lhe cai que nem uma luva. Já de Crowe é de minha sincera opinião que este foi possivelmente o seu último grande papel em cinema, e que desde ele se tem apenas limitado a papéis "presenciais" na medida em que está lá mas é quase como se não estivesse.
Que se destque também Ben Foster. O tipo raramente faz papéis "brandos"... É sempre intenso e o mau da fita por mais curta que seja a sua presença num filme, mas sejamos honestos... o tipo é mesmo BOM a fazer de mau! Só de ver aqueles olhos que mais parecem de um psicopata verdadeiro dá para meter medo a qualquer alma mais sensível! Muito bom de facto este trio de actores.
A banda-sonora de Marco Beltrami, que como já referi foi nomeada para o Oscar na respectiva categoria tem acordes que, apesar de nos transportarem claramente para um western e para o todo o ambiente que envolve este estilo, e época, de filme, é feita de uma forma extremamente moderna e igualmente intensa, acrescentando assim toda a tensão que o filme acarreta. Um justíssimo nomeado ao Oscar.
Não sendo eu um especial admirador deste género cinematográfico, à excepção do já referido Imperdoável, há que ser honesto e reconhecer que este filme ultrapassa qualquer designação que possa, à partida, limitar-nos como espectador a poder ir vê-lo. E se de facto existe alguma restrição inicial, o que é certo é que após começar a visioná-lo não somos capazes de retirar os olhos do filme. Muito bom western. Muito bom como filme de acção. E muito bom no que respeito ao elenco onde se destacam além dos já referidos actores, outros tantos como Peter Fonda, Dallas Roberts, Logan Lerman, Vinessa Shaw e Gretchen Mol.
Que se destaquem todos os momentos finais onde existe uma magnificamente encenada perseguição e tiroteio até chegar ao tão falado comboio... das 3 e pouco...
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"Dan Evans: I've been standin' on one leg for three damn years waitin' for God to do me a favor... and He ain't listenin'."
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8 / 10
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

American Dreamz (2006)

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American Dreamz de Paul Weitz é um filme que aguardava com alguma expectativa para poder ver. Com participações de Hugh Grant, Dennis Quaid, Willem Dafoe e Mandy Moore nos principais papéis secundados por um extenso grupo de actores onde se destacam ainda Chris Klein, Marcia Gay Harden, Jennifer Coolidge e Shohreh Aghdashloo, aqui temos ums história que descreve no pior dos sentidos aquilo que é a construção da fama e a sociedade vidrada na afirmação de novas "estrelas" que o poder mediático da televisão pode criar.
Dito isto o que é que temos afinal aqui? Bom... para começar temos um campo de treino de terroristas no Médio Oriente onde, um dos potenciais, tem mais jeito para musicais da Broadway do que necessariamente fazer rebentar alguma bomba e que, como tal, é enviado para os Estados Unidos para nunca mais provocar vergonhas junto dos seus colegas.
Temos ainda a saloia de serviço Sally Kendoo (Moore) que tudo o que faz é programado ao detalhe para alcançar o estrelato e a fama revelando que afinal não é tão saloia quanto isso.
Como não poderia deixar de ser temos o casal Presidencial (Quaid e Gay Harden) que são uma reprodução clara e demasiado óbvia dos antigos ocupantes da Casa Branca, que vivem desesperados por aprovação e mostrar sinais de inteligência onde eles, de facto, não existem.
Finalmente temos o apresentador favorito e mais mediático de um programa musical Martin Tweed (Grant) que vive demasiadamente centrado no seu próprio umbigo para conseguir dar atenção seja ao que fôr.
Todas estas personagens se interligam de uma ou outra forma e aquilo que mostram é, na sua globalidade, uma comédia muito mediana. A ligação destas personagens com pessoas que de facto "conhecemos" de ver na televisão é demasiado óbvia. Vejamos... O casal Presidencial mais não é do que um retrato parolo do já por si parolos George W. e Laura Bush. O apresentador televisivo de American Dreamz é uma clara "cópia" do apresentador do American Idol Simon Cowell, não fossem até os dois de terras de Sua Majestade. E claro, temos depois as personagens "tipo" que representam as inúmeras classes e tipos de pessoas que habitam esse grande território que são os Estados Unidos.
Assim, temos este filme que mais não é que uma piadola algo barata à tentativa levada até aos últimos limites que algumas pessoas fazem para alcançar o estrelato, a fama e os tais "15 minutos de fama" que tanta, mas tanta pessoa procura como forma de validar e dar algum propósito à sua triste vida.
Na realidade o filme não convence muito. Tem um ou outro momento mais bem conseguido e que nos faz rir um bocadinho (muito pequeno) mas depois na realidade mais não é do que hora e meia de algo muito parado, confuso e sem graça verdadeira, o que contraria outros trabalhos do realizador como Era Uma Vez um Rapaz ou American Pie. E com isto quero dizer que nem o elenco de bons actores que o filme tem o consegue salvar.
Quanto ao resto... Bom... À excepção de um ou outro momento que tem uma relativa piada ao parodiar o "americano comum", o filme falha completamente em todas as frentes. Não convence, não seduz e honestamente nem chega a ser agradável ou muito cómico. Vê-se...
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6 / 10
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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Invictus (2009)

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Invictus de Clint Eastwood é uma muito boa adaptação, não fosse realizado por quem é, de uma história real centrada nos anos pós-apartheid na África do Sul, e interpretada por dois magníficos actores como é o caso de Morgan Freeman (my personal favorite) e Matt Damon.
A história deste filme centra-se por volta dos anos de 1994/95 logo após a vitória de Nelson Mandela (brilhante composição de Freeman) nas Presidenciais da África do Sul, uma altura em que o país vivia ainda os traumas do Apartheid agora terminado oficialmente, mas não ainda nas mentes da população Afrikander nem na população negra que queria agora terminar com todos os símbolos que os fizessem lembrar dos teríveis anos de segregação, nomeadamente a equipa de raguebi composta na sua maioria por jogadores afrikander.
Num país dividido e sem ideais de um possível rumo a seguir Mandela assume o papel de reconciliador e de, poderemos dizer, protector da equipa como forma de através do desporto conseguir uma união de toda a população, missão para a qual recorre também à figura do capitão da equipa François Pienaar (Damon) para o auxiliar.
Aquilo que inicialmente poderia parecer uma árdua ou até mesmo impossível tarefa assume naturalmente com o tempo e com a dispersão dos jogadores pelas zonas mais pobres e degradadas do país, um carácter francamente unificador onde todos estavam confiantes e desejosos da vitória da sua equipa, agora considerada nacional.
Por detrás de uma história da autoria de John Carlin, e de um argumento de Anthony Peckham, ambos inspiradores, estão também os fabulosos desempenhos de Freeman e de Damon, ambos nomeados para diversos prémios de cinema como por exemplo os Oscars de Actor e Actor Secundário respectivamente.
Não há dúvida nem causa surpresa nenhuma que ambos são de facto muito bons no que fazem e que aqui, tal como em tantos outros filmes, nos oferecem desempenhos dignos de figurar numa "galeria" dos melhores, mas sente-se perfeitamente no caso de Freeman que este é um daqueles papéis que não fosse interpretar uma pessoa real, teria sido feito de propósito para ele. Freeman transborda confiança e encarna naturalmente o espírito e a alma de Mandela que é impossível pensar em qualquer outra pessoa para o interpretar confirmando, uma vez mais, que este homem é sem qualquer dúvida um dos melhores actores do mundo.
Um outro factor muito importante neste filme é a sua ora intimista e reflexiva por um lado ora animado ao ritmo de sons africanos banda-sonora composta pelo próprio filho de Clint, Kyle Eastwood em parceria com Michael Stevens.
Brilhantes são também os momentos que recriam a prisão onde Mandela passou inúmeros anos e os breves flashbacks existentes que mostram muito brevemente os tormentos pelos quais passou bem como demais prisioneiros vítimas das torturas de um regime abusivo.
Como já há muito vem a confirmar, Clint Eastwood tem uma magnífica filmografia cheia de títulos envolventes e dramáticos. Este Invictus é mais um que o confirma, se é que ainda existiam algumas dúvidas, como um excelente realizador e contador de histórias que se sabe rodear muito bem por um igualmente magnífico conjunto de actores que dá corpo às histórias que pretende contar.
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"Nelson Mandela: I thank whatever gods may be... For my unconquerable soul. I am the master of my fate... I am the captain of my soul."
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8 / 10
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mariana Rey Monteiro

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1922 - 2010
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terça-feira, 19 de outubro de 2010

The House Bunny (2008)

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A Casa das Coelhinhas de Fred Wolf é uma divertida e hilariante comédia com a raínha da mesma, Anna Faris, no seu papel principal.
Faris aqui interpreta o papel de Shelley Darlingson, uma coelhinha da Playboy que chegada à avançadíssima idade de 27 anos, recebe a notícia de que está velha e precisa de abandonar a mansão de Hugh Hefner (que também dá uma perninha como convidado no filme.
A solução que encontra, após muito tentar, é juntar-se a uma casa de estudantes que são nada mais nada menos que as inadaptadas e marronas de toda a Universidade. Dito isto, é certo e sabido que Shelley, que toda a vida foi uma coelhinha, as vai ajudar não só a tornarem-se atraentes como a poderem desenvolver o seu lado sentimental e amoroso que, até então, havia estado fechado para o mundo.
Ao mesmo tempo vemos o seu próprio lado. Nunca havia sido nada para ninguém além de uma foto numa revista, e aqui Shelley vai conseguir dar um significado e um rumo à sua própria vida e claro, também ao seu lado sentimental, visto que agora alguém vai olhar para ela como uma pessoa e não como um objecto.
Moral da história à parte, que apesar de ser comédia também o tem como é óbvio, e se pensarmos até bem "forte", este filme, que nunca havia visto até passar à dias na televisão, é sem dúvida uma excelente comédia.
Não só os desempenhos da generalidade dos actores são bons como, o clima "cool" que ele apresenta está no seu melhor. As actrizes que compõem o grupo de estudante estão no seu melhor, e sente-se na interacção que têm como Anna Faris uma química muito agradável que resulta na perfeição.
E Faris tem aqui, pelo menos até à data, o papel da sua vida. Muito ao estilo de Reese Whiterspoon no Legalmente Loura, em que a "parvinha" de serviço dá a volta ao caso mais complicado de toda a sua vida, Faris aqui consegue mostrar que mesmo as pessoas aparentemente com menos recursos mentais (há que ser simpático), conseguem dar modificar a vida daqueles com quem se relacionam e, para espanto, num sentido bem positivo.
Confesso que suspeito sempre destas comédias pois, regra geral, elas não conseguem ser lá grande coisa. Ou ficam pelas piadas grosseiras que não têm graça alguma, ou então pela ordineirice de onde pouco ou nada se retira. Acabam, são esquecidas e já está. Venha a próxima. Esta, apesar de não ser nenhuma obra-prima, é um filme bem disposto, com piadas das quais nos conseguimos rir, e ter "medo"... ou não fosse aquela uma voz parecida com a da Linda Blair n'O Exorcista, e tem também uma história. Uma história que nos fala sobre os pré-conceitos que fazemos a respeito dos outros e das suas formas de vida, aqueles que criamos sobre as pessoas e também sobre aqueles que criamos a nosso próprio respeito... sobre o conseguir ou não fazer algo... se seremos ou não "menos" que os outros.
Gostei. Gostei bastante. São estas comédia que, para mim, valem a pena ser vistas e que por muito longos que sejam os filmes sabem sempre a pouco. Queremos sempre mais e mais. Reina a boa disposição.
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"Shelley: The eyes are the nipples of the face."
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7 / 10
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Killer Bees! (2002)

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Abelhas Assassinas de Penelope Buitenhuis é um extremamente pobre filme com a participação de C. Thomas Howell no principal papel.
Começando pela história do filme... Isto para ser curto e grosso resume-se basicamente a umas quantas abelhas assassinas vindas de África que são traficadas e que espalham o terror e o caos numa pequena cidade dos Estados Unidos.
Pelo meio temos o Xerife Lyndon Harris (Howell) que já havia perdido o pai vítima de picadas de abelha que, como tal, cheio de medo tenta alertar todos na cidade que o perigo está iminente. Em vez de o escutarem e darem atenção o desgraçado passa a ser o alvo da risada geral até todos se depararem na realidade com estas ameaçadoras abelhas.
Pontos fortes do filme? Não existem. Há excepção de ser um daqueles filmes manhosos que nós gostamos de ver só para poder passar o tempo, tudo o resto falha e é péssimo demais para ser considerado algo de "positivo".
As interpretações, sem qualquer excepção, são más (para não dizer péssimas). Pouco inspirados, também o filme não permite mais é verdade, mas são quase a despachar. Os actores estiveram lá apenas para receber o cheque com o salário porque de resto...
Os efeitos especiais são do mais manhoso possível. Se considerarmos os momentos em que o enxame de abelhas ataca a festa da cidade... onde uns habitantes fogem a sete pés e outros se passeiam calmamente pelo meio dos que vão caíndo, é no mínimo hilariante pelo tão trágico que é.
E tudo o resto que se possa dizer a respeito deste filme, e de outros do género, é puro gasto de energia. Francamente. Péssimo. Muito mau. Só vale mesmo porque são estes filmes que completam a sexta-feira à noite de qualquer pessoa, porque na prática o filme por si não vale nada.
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1 / 10
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domingo, 17 de outubro de 2010

A Noite do Fim do Mundo (2010)

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A Noite do Fim do Mundo de Henrique Oliveira é o terceiro dos telefilmes, chamados de mini-série, que a RTP passou alusivo ao centenário da Implantação da República.
Este, tal como os interiores, tem a participação de um extenso elenco de luxo entre os quais se destacam os nomes de João Tempera, Sofia Duarte Silva, Luís Gaspar, Sinde Filipe, Marques D'Arede, Maria João Abreu e Carla Vasconcelos, entre muitos outros.
A história passa-se meses antes da Implantação da República, numa altura em que o Cometa Halley passava pelos céus de Portugal. Altura esta em que ao mesmo tempo se planeava um atentado ao Ministro do Reino (Marques D'Arede) por parte de dois dos filhos (Sofia Duarte Silva e Luís Gaspar) de um Republicano que tinha sido mandado matar por enfrentar a Monarquia.
Ao mesmo tempo chega à capital David (João Tempera), um jovem reporter que escreveu inúmeros artigos e estudos sobre o cometa para trabalhar para o Diário de Notícias, e que conhece Leonor (Duarte Silva) uma das grandes vedetas de Revista bem como o seu irmão Miguel (Luís Gaspar), e que mais tarde se apercebe de qual o seu plano.
Pelas tramas políticas e religiosas que vão pelo meio e que ilustram de certa forma a realidade que se vivia em Portugal no ido ano de 1910, bem como pela trama ficcionada que é inventada, temos aqui um bem conseguido telefilme (sim, eu continuo a chamar-lhe telefilme, se bem que dividido em duas partes), mas ao mesmo tempo o mais fraco entre o conjunto.
As interpretações não são más. Estão bem conseguidas e ilustram as várias camadas sociais que há altura se faziam representar. No entanto, estão ao mesmo tempo comedidas e pouco expansivas. Aproveitam pouco daquilo que poderia ser feito num telefilme que pelo seu próprio argumento deveria ser rico, considerando a época em questão. Muitos dos diálogos são quase declamativos em vez de naturais e mais "reais".
O trabalho de fotografia da autoria de Miguel Sales Lopes que capta com uma enorme vivacidade as cores, as luzes e as sombras é sem dúvida um dos pontos altos deste telefilme, bem como o guarda-roupa de época (normalmente são sempre bons) da autoria de Isabel Finkler.
O resto do filme roça o quase banal... A banalidade telenoveleira até só que aqui resumido a cerca de duas horas (se tanto), não conseguindo atingir o nível dos dois telefilmes que já haviam sido exibidos anteriormente.
Vale pelo esforço mas não em resultados práticos que ficaram muito aquém daquilo que era esperado considerando a publicidade e a temática que está em questão. Não é suficiente para convencer de uma forma positiva.
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6 / 10
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sábado, 16 de outubro de 2010

Hard Pill (2005)

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Dura Pílula (Indigesto) de John Baumgartner é um extremamente fraco filme independente sem qualquer actor que seja conhecido para além deste próprio filme, e para aqueles que o viram claro, que centra a sua história num homem homossexual que devido a ter a sua vida muito infeliz e sem concretizações sentimentais reais, decide participar num programa experimental em que após tomar um comprimido se tornará heterossexual.
Tim (Jonathan Slavin) interpreta o homem que se sujeita a esta experiência. Os resultados práticos da mesma consistem na quase total alienação dos seus amigos e pessoas que se preocupam consigo, para viver uma vida de fantasia que em nada se enquadra com aquilo que ele de facto é.
Se de início a experiência resulta e ele inicia uma relação com Tanya (Jennifer Elise Cox), rapidamente os seus sentidos despertam novamente para a sua real sexualidade, e para a convivência com os seus amigos de sempre. No entanto, há que lidar agora com a sua nova realidade que alienou todos os seus amigos e esperar que eles se aproximem de novo.
O argumento em si, da autoria de John Baumgartner e de K. Dayton Mesher, não é nada de especial nem que cative qualquer pessoa a pensar que a história vai ser interessante. A agravar esta situação a realização de Baumgartner não é nada de especial e por momentos, principalmente os mais íntimos, mais parece que temos um conjunto de porcos a lutar num curral do que propriamente cenas de sexo. Com isto quero dizer que estão tão mal filmadas que assustam o próprio susto. A confirmá-lo temos a primeira cena entre Tim e Sally (Susan Slome), quando a câmara de aproxima muito de perto de Sally... temos a breve sensação de que sim... estamos num curral (e mais não digo).
De resto temos um filme que tenta, ora com mais ora com menos intensidade, mostrar que nem tudo passa pela aprovação dos outros mas sim pela própria, e como é importante viver de cabeça erguida com aquilo que se é, e não com aquilo que os outros esperam que se seja mas que, na realidade, acaba por falhar mais do que mostrar algo de inovador ou de irreverente no bom sentido da palavra. É um filme fraco, sem grande energia e com actores que são mais amadores do que os que o são na realidade. Sem energia, sem vitalidade e sem grandes conteúdos para transmitir enquanto actores para o público que pode ver este filme.
No geral é um filme que falha. E não falha só nos actores, falha na realização, no argumento, na banda-sonora... Há que dizê-lo e reconhecê-lo que no geral é um falhanço pegado, que apenas é salvo pela concretização no minuto final de é a essência de cada um que acaba por o definir na realidade.
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2 / 10
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nine (2009)

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Nove de Rob Marshall é um musical com um elenco de luxo onde se destacam Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard, Nicole Kidman, Pénelope Cruz, Judi Dench, Sofia Loren, Kate Hudson e a cantora dos Black Eyed Peas, Fergie e um conjunto de actores italianos relegados para segundo plano onde se destacam os vencedores de Donatello Valerio Mastandrea e Elio Germano.
Apesar do elenco de luxo que o filme tem, capaz de fazer "inveja" a muitos outros realizadores que anseiam por ter um ou dois destes actores nos seus filmes, este concretamente promete mas cumpre muito pouco em termos de filme, história e mesmo nos desempenhos.
No que diz respeito ao aspecto visual do filme, esse sim é rico, e a ele muito se deve a pontuação que lhe dou como se poderá constatar no final desta apreciação. Os cenários são fabulosos quer pela riqueza das poucas cenas reais que se vêem de Itália quer pelos fabulosos interiores criados à imagem de um estúdio onde se filma que são posteriormente abrilhantados com fabulosas sequências de dança coreografadas na perfeição e que dão origem a magníficos momentos musicais.
O igualmente brilhante guarda-roupa da autoria de Colleen Atwood recria de uma forma exemplar o estilo de uma Itália pós-guerra de anos 50 e 60 e dá um certo glamour ao filme tornando-o ainda mais rico visualmente.
As interpretações, que são na sua grande maioria secundárias, e considerando o actor e actrizes envolvidas, não são brilhantes ou geniais. Temos um Daniel Day-Lewis que apesar de figura central não deixa de estar a meio gás. Aparece a Pénelope Cruz um tanto ou quanto femme fatale e que foi inclusivé nomeada ao Globo de Ouro e ao Oscar de Actriz Secundária mas que está na realidade pouco inspirada. Existe sim a prestação de Marion Cotillard que, no geral do filme, consegue ser a interpretação mais sentida e com um genial número musical no final mas que não consegue salvar o filme. As demais interpretações acabam quase por ser aparições de simpatia, pouco importantes ou relevantes para sequer serem mencionadas... desfilam pelo filme e pouco mais.
É certo que é um filme musical mas considero que lhe falta algo. Não está nem de longe ao nível de um Moulin Rouge e, os inúmeros números musicais que surgem à medida que os flashbacks ocorrem são demasiadamente exagerados e muitas das vezes cansativos o suficiente para tirarem o pouco prestígio que o filme consegue ter.
Em termos visuais, como referi anteriormente, este Nove consegue ser um filme brilhante, rico e arrisco até dizer extravagente mas que em todos os outros aspectos e dimensões acaba por falhar redondamente tornando-o a maior parte do tempo um filme aborrecido e secante.
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"Liliane La Fleur: Directing a movie is a very overrted job, we all know it. You just have to say yes or no. What else do you do? Nothing. "Maestro, should this be red? Yes. Green? No. More extras? Yes. More lipstick? No. Yes. No. Yes. No. That's directing."
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5 / 10
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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Grbavica (2006)

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Filha da Guerra de Jasmila Zbanic vencedor do Urso de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Berlim em 2006, é um simples e poderoso drama sobre os traumas e as consequências do pós-guerra Balcânica.
A história gira em torno do dia-a-dia de Esma (Mirjana Karanovic) uma mãe que se bate por sobreviver às dificuldades que o pós.guerra lhe impôs ao mesmo tempo que tenta educar sem marido a sua filha Sara (Luna Mijovic).
Sara, por sua vez, vive com as angústias de uma adolescente sem pai que quer saber mais sobre o seu passado, vivendo assim numa tensa relação com a mãe que nada lhe conta.
Cedo, muito cedo no filme, através de um pequeno acto descobimos o que realmente aconteceu no passado de Esma e que a leva a ser um tanto ou quanto fria e distante da sua filha e, por aí, o filme não nos reserva nenhuma surpresa.
Aquilo que é de registar neste filme é a sociedade que vive ainda com os dramas e traumas daquilo que foram anos de uma guerra civil bárbara e cruel, como todas o são aliás, e como isso se reflete ainda hoje nas vidas dos habitantes que a ela sobreviveram de uma ou outra forma.
A sorevivência através do tráfico ou de esquemas menos lícitos. A acumulação de trabalhos por parte das pessoas que tentam viver numa sociedade que se tenta ocidentalizar e que não permite vidas abastadas. Temos ainda um dos mais importantes aspectos deste filme, tocado de uma forma mais ligeira não deixando de assumir um peso importante que é o facto de ainda hoje viverem com o drama de familiares desaparecidos e com as suas identificações quando se descobre uma nova vala comum. E ainda os dramas das mulheres que tentam resistir e ultrapassar os medos, angústias e dramas de uma vida de tortura, abusos e violações, infelizmente "naturais" numa das mais sangrentas e violentas guerras a que o nosso continente assistiu.
Importante e interessante filme dramático que mostra não só a vitalidade do cinema Europeu como especialmente a vitalidade que ele vai assumindo crescentemente no leste Europeu. Muito bom e digno vencedor do Urso de Ouro em Berlim, muito também graças ao magnífico e brilhante desempenho assumido pela dupla de actrizes, forças naturais e portadoras de um grande desempenho dramático.
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7 / 10
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

John Rabe (2009)

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John Rabe, o Negociador de Florian Gallenberger é um filme sobre o empresãrio alemão destacado na China na década de 30 que conta com a participação de um leque internacional de actores onde se destacam Ulrich Tukur, Anne Consigny, Daniel Brühl e Steve Buscemi.
A história deste filme centra-se em acontecimentos verídicos que decorreram no final da década de 30 na China em torno da acção do empresário alemão John Rabe que no período final da administração da fábrica Siemens e na eminência da invasão japonesa do país consegue criar uma zona livre onde se refugiam e salvam mais de 200 mil chineses.
A sua acção, nunca reconhecida pela Alemanha Nazi nem mais tarde pelas forças aliadas, resultou para o próprio John Rabe na morte no esquecimento e na miséria no início da década de 50 no seu país natal. Ficaria para a História a sua acção como um herói humanitário.
Este filme de produção tripartida entre Alemanha, França e China, e filmado em Nanjing na China onde a acção real decorreu de facto é um interessantíssimo filme histórico que recria uma parte negra da História do século XX, não como é habitual na Europa mas na Ásia onde para a maioria estes acontecimentos ainda estão em muito por contar.
O argumento também da autoria de Florian Gallenberger recria muito bem tanto a intensidade dramática que é típica de uma história deste calibre e os actores que funcionam muito bem entre si recirando uma química muito interessante, dão corpo e alma às pessoas que interpretam. Recriam assim na perfeição não só os dramas com que cada um vivia mas também aqueles com que se deparavam no meio de tão grande catástrofe que, a qualquer momento, mostrava que o perigo e a morte espreitavam por todos os lados.
À semelhança de muitos dos filmes que retratam este período negro da nossa História comum, este também consegue ser um filme muito bem dirigido e interpretado, e recriar momentos intensos e de grande tensão que mostram o que na realidade deve ter sido o terror daqueles negros anos. O terror e também claro está a Humanidade que está inerente a estas épocas onde não só o pior do Homem é mostrado como também aquilo que ele consegue ter de bom e de positivo.
Dito isto, não só serve como uma interessante peça de cinema como também, e possivelmente o principal, uma importante peça e testemunho da História mundial. Um filme que não se deverá perder e que, como todos os grandes filmes, passou muito discretamente pelo nosso país.
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8 / 10
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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Love Happens (2009)

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Amor por Acaso de Brandon Camp é uma muito morna comédia dramática que tem Jennifer Aniston e Aaron Eckhart nos principais papéis e um Martin Sheen algo desgastado como secundário.
Burke (Eckhart) é um escritor de livros de auto-ajuda que passa o seu tempo em promoção da sua recente obra e que numa conferência conhece Eloise (Aniston) por quem começa a nutir algum interesse. No entanto, como nem tudo pode ser perfeito, aquilo que vem de facto a descobrir é que ele próprio ainda não se confrontou de facto com a morte da sua mulher, algo que o impede de avançar na sua vida pessoal.
Anteriormente chamei a este filme de uma "muito morna comédia dramática", e porquê? Simples... Este género de filme é aquele com o qual nós esperamos não só ter alguns momentos de sorrisos discretos como também apelar ao nosso lado mais sentimental. É regra digamos que essencial para que funcione na perfeição.
Infelizmente aquilo que aqui temos é um conjunto de boas intenções que, na prática, não se chegam a concretizar. Resumindo... Temos as interpretações principais de Jennifer Aniston e Aaron Eckhart que são mais do que básicas e pouco convincentes. Aniston está igual a si própria naquele que é, de longe, um registo que já está mais do que gasto pela própria actriz. Aqui o que temos é uma actriz que possivelmente precisava de uns cobres e então lá resolveu fazer este filme, atirar uns quantos diálogos em frente a uma câmara e pronto... "passem para cá o cheque". O seu papel simplesmente não funciona e não consegue ser em nada credível.
Quando a Eckhart segue quase o mesmo comentário. Apesar do seu papel conseguir ser um tanto ou quanto mais consistente do que o de Aniston, não deixa no entanto de ser um conjunto de vontades que não chegam a ser concretizadas na prática. Isto é, tem o potencial para se tornar um papel romântico/dramático mas no fundo acaba por ser tornar mais aborrecido e sem graça do que propriamente cumprir aquilo que de certa forma "promete".
Tudo isto culmina com a prestação final de Martin Sheen na última palestra de apresentação do livro em que um momento supostamente dramático e revelador acaba com uma extensa ovação de pé e em gargalhadas que são totalmente despropositadas e até de certa forma absurdas.
O argumento de Mike Thompson e do próprio Brandon Camp até tem alguns tópicos interessantes e tem potencial para resultar num filme dramático agradável, mas a forma como é filmado e representado acaba por deitar por terra todas as boas intenções que poderiam eventualmente existir.
Genericamente o filme é fraco e alimenta-se apenas das tais boas intenções que acabam por não resultar e que em vez de nos interessar a nós como espectadores, resultam sim no oposto tornando-se aborrecido e damos por nós a desejar que termine rapidamente.
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4 / 10
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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cursed (2005)

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Amaldiçoados de Wes Craven é um daqueles filmes de terror "teen" que conta com a participação de Christina Ricci, Jesse Eisenberg, Milo Ventimiglia, Joshua Jackson e Portia de Rossi num papel mais secundário.
A história, já conhecida por muitos porque estes filmes acabam por ser óbvios em demasia, resume-se ao facto de um cromo e a sua irmã bonitinha demais mas que o esconde, envolvem-se num acidente numa estrada deserta e são mordidos e arranhados por um estranho animal.
Com o passar das horas e dos dias começam a perceber que alguma coisa está errada com eles visto que começam a ganhar capacidades que até então nem sonhavam sequer em ter.
Daqui até perceberem que a prata lhes faz mal e que os seus corpos começam a sentir algumas alterações vai um passo muito pequeno e claro... daqui até se envolverem com o predador principal vai um salto maior do que aquele que os próprios lobisomens dos filmes dão.
O filme não tráz nada de especial em relação a tantos outros deste estilo e que já inundam os nossos ecrãs e não das melhores formas. É certo que este tipo de filme atrai sempre a atenção de toda a gente mas também é certo que os queremos ver com alguma credibilidade.
Aqui o que acontece não é tanto terror pois disso ultimamente não há lá muitos que sejam dignos do título, mas temos no entanto o tal terror "teen" que mais não é do que algumas situações que provocam um ou outro susto mas em grande maioria não passam de risadas pelos cómicos de situação criados.
Não deixa de ser engraçado e um bom entretenimento para uma noite de cinema de "terror" e o filme em si não está mal feito mas, no entanto, está longe de ser um filme de referência especialmente se considerarmos que vem de um dos mestres do terror de seu nome Wes Craven.
Destaque mais ou menos positivo deixo ao conjunto de actores que, não sendo o melhor registo das suas carreiras (de longe), não deixam de funcionar bem em grupo e criar um ambiente geral interessante e bem disposto.
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6 / 10
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domingo, 10 de outubro de 2010

O Segredo de Miguel Zuzarte (2010)


O Segredo de Miguel Zuzarte de Henrique Oliveira é mais um telefilme exibido pela RTP no centenário da República Portuguesa, e que conta com a participação de um vasto conjunto de actores entre os quais é possível destacar Ivo Canelas que interpreta a figura principal e que dá nome ao próprio telefilme bem como Catarina Avelar, Maria D'Aires, Rosa do Canto, Ana Nave, Luís Alberto, António Cordeiro e Cristina Cavalinhos entre outros.
Este filme conta-nos a história de Miguel Zuzarte (Ivo Canelas) que abandona a vida agitada de Lisboa com a sua mãe Zulmira (Catarina Avelar) e que ruma a uma aldeia perdida no meio do Alentejo para substituir o telegrafista que havia morrido. É quando Zuzarte assume o seu trabalho que recebe as primeiras notícias vindas de Lisboa de que a Monarquia caiu e de que agora o país é uma República.
Notícias estas que decide esconder da restante população, uma vez que é um forte defensor da Monarquia, e que, na ausência do comboio devido ao reboliço sentido em Lisboa, vai gerar então a desconfiança por parte da população da aldeia sobre esta nova e enigmática figura da terra.
Simpático e interessante telefilme que mostra que quando se quer sempre se consegue investir no cinema nacional e em inúmeras histórias que povoam a nossa História, para muitos ainda desconhecida, e que graças aos enormes talentos do nosso conjunto de actores conseguem ganhar uma vida e um magnestismo que nos faz a nós como espectadores, estar atentos ao seu trabalho. Existe de facto a empatia para com os nossos actores... só não há mais pois o trabalho que vão tendo em cinema nem sempre é regular... (vai sendo agora aos poucos).
Excelente o trabalho de Ivo Canelas que ora contido ora com rasgos de explosão e loucura, demonstra a cada um dos seus papéis que é sem sombra de dúvida um dos grandes actores desta nova geração há muito esperada, e que é cada vez mais uma aposta forte e segura para dar vida nos nossos ecrãs, ao mais variado conjunto de personagens. Queremos mais...
Destaque ainda para o restante conjunto de actores onde Carlos Gomes como Professor Gonçalves, Cristina Cavalinhos como Matilde, Catarina Avelar como Zulmira ou Ana Nave como Elisa são secundários com papéis determinantes e muito bem executados fazendo um complemento coeso e convincente para a acção do filme.
Um aplauso ainda para o trabalho de fotografia de Miguel Sales Lopes que consegue captar muito bem as cores de um Alentejo profundo, deserto e quente, transportando-as para o nosso ecrã e dando-nos de facto a ideia de que nós também estamos lá.
Um comentário positivo merece também Isabel Finkler autora do credível trabalho de guarda-roupa deste telefilme, mostrando que afinal por Portugal sempre se conseguem fazer bons trabalhos não só no cinema como também na televisão.
Finalmente não será incorrecto referir que também a própria RTP está de parabéns na aposta que fez destes pequenos telefilmes (por favor parem de os cortar ao meio e dizer que são mini-séries), não só pelo facto de dar trabalho aos actores nacionais para além de telenovelas, como muito em particular pelo facto de contarem histórias da nossa História com credibilidade e realismo. Como estas venham muito mais iniciativas.
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7 / 10
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sábado, 9 de outubro de 2010

Baby Mama (2008)

Vai Chamar Mãe a Outra! de Michael McCullers é uma divertidíssima comédia que conta com Tina Fey e Amy Poehler nos principais papéis e são secundadas por nomes como Greg Kinnear, Sigourney Weaver e Steve Martin.
Tina Fey interpretada o papel de Kate Holbrook uma executiva de sucesso que já tendo passado dos trinta anos e ainda não tendo encontrado o homem da sua vida, vê cada vez mais longe a hipótese de se tornar mãe, algo que sempre ambicionou.
A solução que encontra é recorrer a uma agência de barrigas de aluguer gerida por Chaffee (Weaver) onde conhece Angie Ostrowiski (Amy Poehler) que aceita poder ser barriga de aluguer para Kate.
Aquilo que inicialmente é visto por Angie como uma forma de ganhar algum dinheiro à custa das necessidades de Kate, rapidamente se transforma numa relação de amizade e cumplicidade entre as duas mulheres até que, como é claro num filme de comédia, acaba por dar tudo para o torto... ou talvez não...
Digo seguramente que os filmes de comédia normalmente me aborrecem. Ou não têm piada e não conseguem fazer rir, o que para a própria definição de comédia não é em nada abonatório ou então são histórias que apenas sobrevivem com um conjunto de piadolas sexuais ou nojentas que já vimos repetidas em tantos outros filmes do estilo.
Aqui, felizmente, a história não só tem graça e é de certa forma original pela abordagem dada como também o conjunto de actores têm uma vida própria e uma química entre si tão forte que o filme ganha uma dimensão cómica muito forte e muito bem conseguida e transmitida a nós que assistimos ao filme como grande satisfação.
Tanto Tina Fey como Amy Poehler têm uma forte presença no filme e não existe uma disputa de "interesses" mas sim uma união dos mesmos fazendo com que esta dupla contribua para que o filme tenha mesmo graça, o que apenas vem ser assistido por todos os outros actores que as secundam.
Muito original, bem disposto com o fundamental factor de um conjunto de actores coeso e consistente, e com a eterna mensagem de que as verdadeiras amizades resistem a todo o tipo de provações e ao tempo, fazem deste filme de comédia uma verdadeira delícia que não se deve perder.
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7 / 10
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