terça-feira, 22 de junho de 2010

Away We Go (2009)

Um Lugar para Viver de Sam Mendes fez sensação na última temporada de prémios por ser o filme preferido de muita gente mas, à última, acabou por ser nomeado a muito pouca coisa. Verdade seja dita, não é esse factor que fará o filme ser menos do que aquilo que é. Resumindo, além de uma divertida comédia é também um bonito drama sobre aqueles que procuram o lugar ideal para estar. O lugar ideal para viver.
Quando Verona (Maya Rudolph) e Burt (John Krasinski) descobrem que vão ser pais repensam a sua vida e sobre o local onde deveriam fixar-se para criar raízes. Durante todo o filme vamos assistir à sua passagem por vários locais onde visitam tanto amigos como familiares como forma a descobrir qual será o lucal mais indicado para ficar.
É também ao longo desta viagem que se questionam e sobre os seus objectivos de vida bem como se o que têm feito até então tem correspondido às escolhas mais acertadas ou se basicamente se tornaram em falhados.
Apesar das suas poucas posses e de levarem uma vida mais ou menos remediada, é através das suas viagens e visitas aos seus amigos que percebem que afinal não estão tão mal quanto isso. Deparam-se com alegrias aparentes e de vidas alternativas ou destroçadas fazendo perceber que afinal a sua, por muito simples que seja, consegue ser bem mais compensadora do que aquilo que poderiam esperar como exemplo vindo dos outros.
Depois de tanta gente (re)visitarem acabam por ir de volta à casa dos pais de Verona que haviam falecido ainda ela era estudante. Casa à qual não havia regressado desde então. É aí que encontram o local ideal para viver. Um sítio calmo. Um porto de abrigo. O local ideal para contituir família. O re-encontro com as origens que tanta falta fazia.
Temos então uma comédia-dramática ligeira mas com muito sentido e que dá que pensar em medida certa da autoria de Sam Mendes, que já nos havia entregue o Caminho de Perdição ou o Beleza Americana. Muito se diz que não é um filme tão forte como estes que mencionei, no entanto não se deverá fazer uma comparação entre eles. Este Um Lugar para Viver é um filme mais ligeiro mas de poderosa mensagem que reflete sobre qual será o local e a altura certa para encontrarmos aquilo que nos fará estabelecer no Mundo. O nosso lugar nele. As nossas raízes.
Aqui é transmitida a ideia de que todos temos um local que serve como o nosso porto de abrigo e que, por muito ausentes que estejamos dele, será sempre ali que encontraremos a noss paz e tranquilidade. Outros locais poderão entregar-nos estabilidade financeira ou social, mas é apenas num único local que encontraremos a nossa estabilidade emocional.
Tudo isto alcança uma dimensão francamente reconfortante através da fantástica e melodiosa banda-sonora da autoria de Alexi Murdoch que compõe um cenário quer pensativo quer reconfortante de que tudo irá correr bem.
Finalmente, se já referi as brilhantes interpretações de Maya Rudolph e de John Krasinski, seria injusto não referi que entre os secundários se encontram Catherine O'Hara, Jeff Daniels e Maggie Gyllenhall, e de destacar as prestações de uma Allison Janney completamente alternativa que nos consegue fazer saltar umas quantas gargalhadas e o sentido e dramático desempenho de Chris Messina que compõe, possivelmente, o momento mais emocionante de todo o filme.
Um Lugar para Viver é daqueles poucos filmes que pela sua enorme simplicidade conquistam qualquer um de nós e que alcançam um "posto" bem alto na categoria dos melhores. Sem qualquer sombra de dúvida é um daqueles filmes que se devem reter. Simplesmente emocionante.



"Tom Garnett: ...you have to be willing to make the family out of whatever you have."


8 / 10

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