sexta-feira, 12 de março de 2010

Elizabethtown (2005)

Elizabethtown de Cameron Crowe tem como principais actores Orlando Bloom e Kirsten Dunst e conta com a participação especial num papel secundário de Susan Sarandon.
Após ter custado um prejuízo de um bilião de dólares à empresa para onde trabalhava e onde se adivinhava um brilhante futuro, Drew (Bloom) desfaz-se dos seus bens e planeia a sua morte. Na mesma noite recebe um telefonema a avisar da súbita morte do seu pai. De repente a sua vida muda. Terá de visitar a terra natal do pai e toda a sua família que há anos não vê ou não conhece.
Pela viagem conhece Claire (Dunst) uma descontraída e extremamente positiva assistente de bordo que lhe mostra que a vida é mais do que os bens materiais e os sucessos profissionais e que mais tarde o conquista pela sua descontração e espírito de aventura.
Muito resumidamente é esta a história com que nos deparamos neste filme de Cameron Crowe. Se inicialmente o filme possa parecer algo de demorado no seu desenrolar, o que é certo é que aos poucos vai cativando a atenção. Queremos saber o que vai acontecer após o seu trágico desfecho na empresa. Depois queremos saber o que se irá passar no seu apartamento. Depois o encontro com a família. Depois... Depois... Depois... Acabamos por esperar sempre um pouco mais por algo que vai surgir.
Aos poucos tomamos conhecimento de como uma família tão extensa, de onde fazem parte não só os familiares como também todos os amigos que se conhecem durante anos e anos, pode ser ao mesmo tempo tão unida e tão disfuncional. Percebemos como certas mudanças que se tomam no decurso da vida nos podem afastar daqueles que amamos mas que, ao mesmo tempo, esse amor permanece intocável para toda a vida.
Ao longo de vários problemas existenciais e do próprio significado da vida, o quanto ela vale e o quanto poderia valer, somos acompanhados por uma banda sonora excelente quer rivitalizante quer emotiva que nos servem de belos postais descritivos dos momentos reflectivos que a personagem de Bloom tem ao pensar no potencial que a sua vida tem e nos momentos que perdeu juntos daqueles de quem gosta em nome de uma potencial carreira profissional que no fundo, nunca o iria preencher.
Escusado seria dizer que tanto Bloom como Dunst têm excelentes interpretações neste drama cómico (ou comédia dramática), no entanto, não será demais dizer que o breve momento de stand-up comedy com que Susan Sarandon nos brinda na homenagem ao falecido é um dos pontos altos do filme que tanto nos dá de cómico como de profundamente solitário e comovente. Se alguém alguma vez questionou o potencial desta actriz imensa, aqui estaria apenas mais uma prova do quão boa ela é.
Finalmente, além do bom argumento, dos bons desempenhos e de uma banda sonora há altura, destaco ainda como magnífica a sequência final onde Drew (Bloom) (re)visita todos aqueles locais que deveria ter feito na companhia do seu pai, através do mapa/guia que Claire (Dunst) lhe faz como o momento da sua auto-descoberta.
Se Quase Famosos e Jerry Maguire foram as obras multiplamente nomeadas ao Oscar, será este Elizabethtown que até à data ficará como a marca pessoal e mais intimista do realizador Cameron Crowe.

"Claire: So you failed. YOU failed. You think I care about that? I do understand. You wanna be really great? Then have the courage to fail big and stick around. Make them wonder why you're still smiling."

8 / 10

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